17.04.2013 Views

a dança dos encéfalos acesos

a dança dos encéfalos acesos

a dança dos encéfalos acesos

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tures explora uma nova dimensão que descobre o espaço-tempo da web e conquista um novo<br />

território para a <strong>dança</strong> contemporânea. A qualquer hora, <strong>dança</strong> online.<br />

No Brasil, a bailarina e coreógrafa Lali Krotoszynski, que no passado foi parceira de Analívia<br />

Cordeiro, também se dedica a fazer <strong>dança</strong> para a internet. Dance Juke Box é um desses<br />

trabalhos e compartilha o mesmo ambiente virtual de Entre, um projeto de <strong>dança</strong> interativo<br />

online do qual se pode participar acessando o http://lcinfo.hostnow.com.br/lalik! O site dá<br />

explicações sobre todo o processo, ao mesmo tempo que é o suporte da experiência. Para<br />

fazer parte como colaborador, deve-se enviar imagens pessoais com base em textos de<br />

comando que estão no site. A Dance Machine Station, computador com interface para<br />

captura e registro de imagens, aliada ao software, produz seqüências coreográficas.<br />

Entre vem sendo desenvolvido nos últimos três anos e produziu diferentes<br />

combinações da <strong>dança</strong> com a escrita e as novas mídias. Em versão recente,<br />

a obra foi implementada como instalação no Plymouth Arts Centre,<br />

como conclusão da bolsa concedida à artista pela Unesco-Ascheberg, em<br />

parceria com o Centre for Advanced Inquiry into Interactive Arts, Science,<br />

Technology and Arts Research, Caiia-STAR, e a Universidade de Plymouth,<br />

Inglaterra. A instalação Dance Machine Station estabelece a interface<br />

entre a máquina, o corpo que <strong>dança</strong>, sua escrita no registro e o processo<br />

criativo da coreógrafa, uma espécie de p2p. Os outros trabalhos de Lali<br />

Krotoszynski são Body Web e Metamorphoses.<br />

Também não se pode deixar de mencionar o trabalho do artista australiano Stelarc,<br />

que, apesar de não ser bailarino, desenvolve outra maneira de utilizar a internet na<br />

relação com o corpo. Suas experiências problematizam e radicalizam a interface homem-<br />

máquina. A performance The Ping Body (1995), ativada pela internet e transmitida por<br />

cerca de 30 sites, construiu um sistema com interfaces entre dois pólos principais. Como<br />

uma marionete, Stelarc manipulava o corpo de uma outra pessoa, com ferramentas<br />

48 Estrutura de interação via internet concebida por Stelarc.<br />

Interfaces de interação de Entre.<br />

27 “[…] instead of the<br />

internet being constructed<br />

by input from users, here<br />

it constructs the activity of<br />

a body. The body becomes<br />

a nexus for internet activity<br />

– its activity a construct of<br />

computer networks”. Stelarc<br />

in Ballet Internacional,<br />

1999:109.<br />

28 MIDI – Musical Instrument<br />

Digital Interface – é um<br />

protocolo de transmissão de<br />

da<strong>dos</strong> entre instrumentos<br />

musicais digitais e/ou<br />

programas computacionais;<br />

foi estabelecido em 1983<br />

(Santana, 2002:183).<br />

eletrônicas vinculadas ao site. A singularidade estava em fazer da web um processador de<br />

informações, com direito a inputs e outputs. Por meio de uma interface que representa o<br />

corpo humano – e faz a ponte entre a distância geográfica <strong>dos</strong> performers envolvi<strong>dos</strong> (a<br />

primeira Ping Performance data de 10 de abril de 1996) –, o controle <strong>dos</strong> movimentos de<br />

uma pessoa sobre a outra pôde ser realizado.<br />

Para Stelarc, “em vez de a internet ser construída por input de usuários, aqui ela constrói<br />

a atividade do corpo. O corpo torna-se um nexus para a atividade da internet – a atividade<br />

do corpo uma construção de cadeias computacionais”. 27<br />

<strong>dança</strong>ndo com sensores<br />

A companhia Kondition Pluriel (www.konditionpluriel.org), do Canadá, é uma das poucas no<br />

mundo que se destacam na interação da <strong>dança</strong> com aparatos tecnológicos em cena. Movi<strong>dos</strong> pelo<br />

grande desafio de criar interfaces coreográficas com base em processos interativos, a bailarina e<br />

coreógrafa canadense Marie-Claude Poulin e o artista austríaco Martin Kusch, diretores artísticos<br />

da Kondition Pluriel, desenvolvem projetos ou instalações coreográficas. Schème e Schème II, seus<br />

trabalhos recentes, são estágios de uma pesquisa artística em andamento.<br />

Apresentado pela primeira vez num palco, em 2002, no programa Interatividades, do Itaú Cultural,<br />

Schème II foi projetado para funcionar também em locais alternativos, como galerias e garagens.<br />

A idéia é criar, com as imagens interagentes entre as <strong>dança</strong>rinas, o computador e a arquitetura do<br />

local, um outro lugar. O principal objetivo desta pesquisa é promover a manipulação interativa do<br />

vídeo, das imagens captadas em tempo real, da música e de ambientes 3D pela <strong>dança</strong>.<br />

Os sensores MIDI data 28 ata<strong>dos</strong> nos braços, pernas e cabeças das bailarinas Marie-Claude e<br />

Line Nault controlam as projeções e dão vida a uma nova organização. A experiência é incrível<br />

do ponto de vista sensório-motor. Acomoda-se um sensor na mão e, a partir da definição de<br />

parâmetros como rotação para a direita e rotação para a esquerda (ou inclinação para cima e<br />

para baixo), o corpo, mais precisamente a parte do corpo acoplada ao sensor, pode modificar<br />

uma determinada imagem que está sendo projetada, conforme a definição de parâmetros<br />

programada. Isto significa relacionar o corpo a um outro espaço, contribuindo com a criação dele.<br />

Se a experiência subjetiva de <strong>dança</strong>r com sensores é pessoalmente impactante, o mesmo não se<br />

aplica ao público que a assiste, que pode até mesmo não perceber este detalhe significativo.<br />

Para o computador, a bailarina em cena é um objeto que envia informações. O envolvimento de<br />

profissionais provenientes de distintas áreas, como é praxe neste tipo de experiência, promove um<br />

intercâmbio de habilidades que enriquece o processo. Além disso, obras como as produzidas pela<br />

Kondition Pluriel problematizam a discussão sobre autoria em seu sentido tradicional. Bailarinos,<br />

coreógrafos, artistas digitais, engenheiros eletrônicos, programadores, técnicos contribuem em pé de<br />

igualdade no teste de um novo corpo que ocupa o espaço virtual e comanda novos pensamentos.<br />

49

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!