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Download do livro adaptado "O Corcunda de Notre Dame"

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O bo<strong>de</strong> expiatório<br />

É muito antiga a crença <strong>de</strong> que o sacrifício <strong>de</strong> algum animal po<strong>de</strong>ria aplacar a ira <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>uses, fazen<strong>do</strong> diminuir o insucesso <strong>do</strong>s homens. Tal prática ancestral está na base <strong>do</strong> que<br />

hoje conhecemos como a figura <strong>do</strong> bo<strong>de</strong> expiatório: uma pessoa sobre quem se faz recair as<br />

culpas alheias ou que acaba assumin<strong>do</strong> a responsabilida<strong>de</strong> por todas as <strong>de</strong>sgraças ocorridas.<br />

Ao longo da Ida<strong>de</strong> Média, perío<strong>do</strong> em que ocorre a história <strong>do</strong> <strong>livro</strong>, aqueles<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s bruxos ou hereges eram leva<strong>do</strong>s à morte, pela forca ou fogueira, já que toda e<br />

qualquer diferença <strong>de</strong> pensamento ou crença <strong>de</strong>veria ser sempre reprimida. As execuções<br />

públicas atendiam a uma necessida<strong>de</strong> disciplinar: o sacrifício <strong>de</strong> alguns servia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para<br />

to<strong>do</strong>s.<br />

Em O corcunda <strong>de</strong> <strong>Notre</strong>-Dame <strong>do</strong>is personagens assumem a função <strong>de</strong> bo<strong>de</strong>s<br />

expiatórios perante os outros.<br />

Quasímo<strong>do</strong>, por conta <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>formida<strong>de</strong> física, é expulso <strong>do</strong> convívio social <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

muito ce<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> eleito Papa <strong>do</strong>s Loucos (ritual muito pareci<strong>do</strong> com a escolha <strong>do</strong> Rei Momo<br />

<strong>do</strong>s carnavais atuais), é aclama<strong>do</strong> e festeja<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s. Uma vez que é con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> — por uma<br />

justiça surda, diga-se <strong>de</strong> passagem —, vira alvo <strong>de</strong> escárnio e humilhação. É como se as<br />

personagens <strong>do</strong> romance não soubessem lidar com a feiúra e a limitação física, tratan<strong>do</strong>-as<br />

somente por meio <strong>do</strong> <strong>de</strong>boche e da aversão.<br />

Esmeralda é a jovem perseguida unicamente por ser uma cigana, embora no final da<br />

história se revele sua verda<strong>de</strong>ira origem. Linda e graciosa, é maltratada pelos outros e<br />

igualmente con<strong>de</strong>nada pela justiça. Aqui, as <strong>de</strong>mais personagens não sabem lidar com o belo e<br />

o estrangeiro, atribuin<strong>do</strong>-lhes to<strong>do</strong>s os males possíveis.<br />

A lógica <strong>do</strong> bo<strong>de</strong> expiatório po<strong>de</strong> ser explicada socialmente até hoje pelos <strong>do</strong>is fatores

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