19.04.2013 Views

Download do livro adaptado "O Corcunda de Notre Dame"

Download do livro adaptado "O Corcunda de Notre Dame"

Download do livro adaptado "O Corcunda de Notre Dame"

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

estejam fecha<strong>do</strong>s? Agora, vou embora. Veja, estou atrás da pare<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong> abrir os olhos.<br />

Havia algo ainda mais <strong>do</strong>loroso que estas palavras: a forma como eram pronunciadas.<br />

Sensibilizada, Esmeralda abriu os olhos, mas ele não estava mais na janela. Dirigin<strong>do</strong>-se à<br />

pequena fresta, ela viu o pobre corcunda encolhi<strong>do</strong> num canto da pare<strong>de</strong> numa atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>lorosa<br />

e resignada e fez um esforço para superar a aversão que ele lhe inspirava.<br />

— Venha — disse-lhe <strong>do</strong>cemente.<br />

Ao movimento <strong>do</strong>s lábios da cigana, Quasímo<strong>do</strong> acreditou que ela o afugentava: então,<br />

ele se levantou e afastou-se mancan<strong>do</strong>, lentamente, com a cabeça baixa, sem nem mesmo<br />

ousar levantar o olhar cheio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero para a moça.<br />

— Venha logo! — ela gritou.<br />

Mas ele continuava a afastar-se. Ela saiu da alcova, correu para ele e segurou seu<br />

braço. Ele ergueu o olho suplicante e, ven<strong>do</strong> que ela o trazia para perto <strong>de</strong> si, iluminou-se <strong>de</strong><br />

alegria. Esmeralda tentou fazê-lo entrar na cela, mas ele teimou em permanecer na entrada:<br />

— Não!<br />

Ela agachou-se graciosamente sobre o colchão com a cabra a<strong>do</strong>rmecida a seus pés. A<br />

cada instante, <strong>de</strong>scobria em Quasímo<strong>do</strong> mais uma <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>. Seu olhar passeou <strong>do</strong>s joelhos<br />

caleja<strong>do</strong>s até a corcunda e da corcunda ao olho único. A aversão, pouco a pouco, ce<strong>de</strong>u lugar a<br />

um misto <strong>de</strong> tristeza e <strong>do</strong>çura. Ele foi o primeiro a quebrar o silêncio:<br />

— Você estava pedin<strong>do</strong> que eu voltasse?<br />

Ela fez um sinal <strong>de</strong> cabeça afirmativo, que ele compreen<strong>de</strong>u:<br />

— Infelizmente — disse, hesitan<strong>do</strong> —, sou sur<strong>do</strong>.<br />

— Pobre homem! — gritou a cigana, com compaixão.<br />

— Não me falta mais nenhum <strong>de</strong>feito. Sou horrível, não é verda<strong>de</strong>?<br />

Havia nas palavras <strong>do</strong> corcunda um sentimento tão profun<strong>do</strong> <strong>de</strong> autopieda<strong>de</strong> que ela

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!