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Pragmática: Comunicação Publicitária e Marketing - Livros LabCom ...

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48 Paulo Serra<br />

patente em definir de forma enumerativa este conceito de “eco”, 10 poder-se-ia<br />

dizer que a regra geral é que, na proposição irónica, ecoa sempre “qualquer<br />

coisa”, seja isso o que for. Este “eco” implica, também, uma certa atitude<br />

do sujeito em relação a ele, manifesta pela escolha das palavras por parte do<br />

falante, o seu tom de voz e, obviamente, o contexto imediato: “Em particular,<br />

o falante pode ecoar uma observação de forma a sugerir que a acha falsa,<br />

inapropriada ou irrelevante (. . . )” (Sperber & Wilson, 1981, p. 307).<br />

Deste modo, para que o ouvinte de um enunciado possa reconhecer que<br />

está perante um enunciado irónico, ele deve reconhecer uma dupla coisa: que<br />

a proposição é objecto de menção (e não de uso); que há uma certa atitude<br />

(crítica) do enunciador em relação ao enunciado (Sperber & Wilson, 1981, p.<br />

308). O alvo da ironia – já que toda a ironia tem um alvo – será, precisamente,<br />

a fonte, real ou imaginada, daquilo que é objecto da menção ecóica. (Sperber<br />

& Wilson, 1981, p. 314). Quando o ecoado é o próprio enunciador, temos<br />

a auto-ironia; quando o ecoado é um seu interlocutor, temos o sarcasmo. E,<br />

mais uma vez contra a concepção tradicional e semântica da ironia, afirma-se<br />

que o carácter ad hominem desta é uma função não do conteúdo proposicional<br />

do enunciado mas “da facilidade com que uma fonte da opinião ecoada pode<br />

ser reconhecida”. (Sperber & Wilson, 1981, p. 314).<br />

Ironia verbal e ironia visual<br />

Apesar de a tradição retórica e estudiosos contemporâneos como Grice,<br />

Sperber e Wilson e outros se terem concentrado no estudo da ironia verbal, a<br />

ironia está longe de ser um fenómeno (meramente) verbal. Veja-se, a propósito,<br />

o exemplo seguinte, dado precisamente por Wilson e Sperber:<br />

“Há alguns anos foi realizado um referendo sobre se a Grã-Bretanha deveria<br />

entrar no Mercado Comum. Houve uma longa campanha prévia: foramlhe<br />

dedicados programas de televisão e números especiais de revistas. No<br />

10 Assim, num outro passo do texto que temos vindo a analisar, os autores referem-se às<br />

“menções ecóicas” da seguinte forma: “Algumas são ecos imediatos, outras diferidos; algumas<br />

têm a sua fonte em enunciados reais, outras em pensamentos ou opiniões; algumas têm uma<br />

fonte real, outras uma fonte imaginada; algumas podem ser referidas a um indivíduo particular,<br />

outras têm uma origem mais vaga. Quando o carácter ecóico do enunciado não é imediatamente<br />

óbvio, é contudo sugerido.” (Sperber & Wilson, 1981, pp. 309-310).<br />

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