Pragmática: Comunicação Publicitária e Marketing - Livros LabCom ...
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Imagens da ironia na publicidade 57<br />
tividade”, na qual “o sujeito está negativamente livre; pois a realidade que lhe<br />
deve dar conteúdo não está aí, ele é livre da vinculação na qual a realidade<br />
dada mantém o sujeito, mas ele é negativamente livre e como tal flutuante,<br />
suspenso, pois não há nada que o segure.” (Kierkegaard, 1991, p. 227). Não<br />
admira, assim, que a ironia tenha surgido onde a subjectividade apareceu,<br />
pela primeira vez, na história universal – com Sócrates (Kierkegaard, 1991, p.<br />
227).<br />
Para além desta relação da ironia com a subjectividade, ela não se relaciona<br />
menos com a intersubjectividade. Assim, referindo-se à ironia socrática<br />
em geral e à patente no Protágoras em particular, diz Kierkegaard:<br />
“Sócrates e o sofista ficam, portanto, ao final do diálogo, assim como os<br />
franceses dizem (propriamente de uma só pessoa): vis-à-vis au rien (frente<br />
ao nada); eles ficam um defronte ao outro, assim como dois carecas que<br />
após uma longa disputa finalmente encontraram um pente.” (Kierkegaard,<br />
1991, p. 56)<br />
Entende-se, agora, a afirmação de Aristóteles citada na introdução, de que<br />
“O que emprega ironia, fá-lo para se rir dele próprio” – não para escárnio ou<br />
ridículo do outro. Porque, finalmente, o que ironista e ironizado descobrem,<br />
enfim, é a sua mútua ignorância e, ao mesmo tempo, a possibilidade de a<br />
ultrapassarem – através do diálogo. Mas um diálogo que, como o ilustram<br />
também os chamados “diálogos socráticos” de Platão, se revela como uma<br />
tarefa sempre inacabada.<br />
Referências<br />
Aristóteles (1998). Retórica. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda.<br />
Barthes, R. (1986). Lo obvio y lo obtuso. Imágenes, gestos, voces. Barcelona:<br />
Paidós, (original 1982).<br />
Barthes, R. (2002). Rhétorique de l’image. In Oeuvres Complètes, Tome II<br />
(1962-1967) (pp. 573-588). Paris: Éditions du Seuil (original Communications,<br />
Novembre 1964).<br />
Bergson, H. (1991). O riso. Lisboa: Relógio D’Água (original 1900).<br />
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