Psiquiatria - Faculdade de Medicina - UFMG
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Musicoterapia e psiquiatria: um estudo <strong>de</strong> caso<br />
te, a partir da expansão das funções afetivas. Pensando nos distúrbios<br />
do afeto específicos dos transtornos esquizofrênicos,<br />
acreditamos que a musicoterapia facilite o resgate <strong>de</strong> trocas afetivas,<br />
tão prejudicadas nestas condições clínicas. Po<strong>de</strong>mos observar,<br />
nos relatos das histórias clínicas dos pacientes, que essa troca<br />
<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> acontecer quando predominam os mecanismos <strong>de</strong> cisão.<br />
Inúmeras explicações são especuladas, <strong>de</strong>ntre elas, a <strong>de</strong>sconfiança<br />
e o medo em compartilhar um mundo que não mais reconhece<br />
como sendo seu. O fazer musical compartilhado parece, nesse<br />
sentido, funcionar como suporte para a formação <strong>de</strong> vínculos e<br />
como veículo para a energia <strong>de</strong> expressão tratada aqui.<br />
“Partimos do princípio <strong>de</strong> que não há dúvida <strong>de</strong> que o profissional<br />
<strong>de</strong> musicoterapia <strong>de</strong>ve estar, além <strong>de</strong> capacitado,<br />
disponível para ir ‘musicalmente’ ao encontro do paciente e<br />
aceitar o fazer musical como discurso. Não só escutá-lo, mas<br />
tocar com ele. Tornar-se cúmplice na experiência musical.<br />
Provocar e facilitar momentos <strong>de</strong> encontros on<strong>de</strong> a sensação<br />
<strong>de</strong> estar compartilhando os sons se apresenta... Através <strong>de</strong><br />
técnicas específicas, o musicoterapeuta estimula expressões<br />
não-verbais dos pacientes com sons, músicas, gestos e danças.<br />
A produção que se segue cria o campo <strong>de</strong> relações. Se a<br />
comunicação verbal nem sempre é estabelecida a<strong>de</strong>quadamente,<br />
trabalha-se, em musicoterapia, a expressão sonoro/musical<br />
do paciente. Esta expressão sonora, seja por meio<br />
da voz, do corpo ou <strong>de</strong> instrumentos musicais, constituirá a<br />
relação terapêutica.”4<br />
São várias as intervenções clínicas em psiquiatria. Todas têm<br />
em comum a preocupação com a reestruturação psíquica possível<br />
do indivíduo e com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua relação com o mundo.<br />
Acreditamos que a musicoterapia possa atuar interdisciplinarmente<br />
para a melhora da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ssas pessoas.<br />
“Somos, à vezes, <strong>de</strong>safiados por um som, impulsionados por<br />
um ritmo ou atraídos por uma melodia. Somos puxados pela<br />
20 Casos Clin Psiquiat 1999; 1(1):16-20<br />
Summary<br />
música para fora <strong>de</strong> nós mesmos e levados a interagir com o<br />
outro, pelo prazer que nos causa fazer música ou partilhar<br />
esta experiência.”1<br />
The theme of the present paper refers to the use of the music-therapy<br />
as an accessory tool in the clinical care of severe psychotic<br />
patients. The reflexions reported here were <strong>de</strong>veloped in 1997<br />
during the music-therapeutic process of a schicophrenic patient at<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro Fe<strong>de</strong>ral University’s day hospital.The authors attempt<br />
to conciliate critically quantitative data with qualitative psyhopathologic<br />
study.They elaborate a graphic that shows the profile of expressiveness<br />
of the patient in the music-therapeutic process, whereby different<br />
levels of expression seem to correlate with<br />
socialization. Music-therapy can contribute in an interdisciplinary way<br />
to the quality of life of this patients.<br />
Key-words: Musical-Therapy; Psychosis; Schizophrenia<br />
Referências Bibliográficas<br />
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