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Psiquiatria - Faculdade de Medicina - UFMG

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“NOGLIMA”: TOC RESISTENTE COM RESPOSTA A ADIÇÃO DE RISPERIDONA<br />

RESISTANT OCD WITH RESPONSE TO ADDITION OF RISPERIDONE<br />

Rodrigo Barreto Huguet *<br />

Gustavo Fernando Julião <strong>de</strong> Souza **<br />

Resumo<br />

Os autores apresentam o caso clínico <strong>de</strong> um paciente do sexo masculino<br />

<strong>de</strong> 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> que há três anos vinha apresentando<br />

pensamentos intrusivos e recorrentes, alguns <strong>de</strong>les sob a forma da<br />

voz <strong>de</strong> sua mãe. Apesar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-los irracionais, vinha apresentando<br />

sob sua influência compulsões mentais e motoras, evoluindo<br />

com déficits no contato interpessoal e familiar, na higiene, alimentação<br />

e ativida<strong>de</strong>s produtivas. Movimentos estereotipados também estavam<br />

presentes.Aspectos comuns entre pacientes paranóicos e obsessivos<br />

são <strong>de</strong>scritos e o transtorno obsessivo-compulsivo po<strong>de</strong> representar<br />

um espectro que varia <strong>de</strong> acordo com o insight do paciente.<br />

Após várias tentativas terapêuticas houve melhora clínica importante<br />

do paciente com o uso <strong>de</strong> clorimipramina, 225 mg/dia, e risperidona,<br />

4 mg/dia. Alguns estudos sugerem que a adição <strong>de</strong> risperidona<br />

no tratamento po<strong>de</strong> ser útil em casos <strong>de</strong> transtorno obsessivocompulsivo<br />

resistente.<br />

Palavras-chave: Transtorno Obsessivo-Compulsivo; Transtorno<br />

Obsessivo-Compulsivo Resistente; Transtorno Obsessivo-Compulsivo<br />

Psicótico<br />

Caso Clínico<br />

Paciente encaminhado ao serviço <strong>de</strong> <strong>Psiquiatria</strong> do Hospital<br />

das Clínicas da <strong>UFMG</strong> pelo Hospital-Dia do Hospital Psiquiátrico<br />

Galba Velloso em 16/09/96.<br />

I<strong>de</strong>ntificação<br />

NVS é um jovem <strong>de</strong> 18 anos, leuco<strong>de</strong>rma, solteiro, sem profissão,<br />

estudou até a quinta série do primeiro grau e é natural do<br />

interior <strong>de</strong> Minas Gerais, on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>.<br />

História da moléstia atual<br />

O paciente afirma que na quinta série, quando estava com 15<br />

anos, “vinha em sua mente” durante as aulas a imagem <strong>de</strong> um colega<br />

agredindo-o. Nesse momento, sentia-se obrigado a apagar a<br />

frase que estivesse escrevendo e a se imaginar agredindo seu co-<br />

* Resi<strong>de</strong>nte do segundo ano da Residência Médica <strong>de</strong> <strong>Psiquiatria</strong> do<br />

Hospital das Clínicas da <strong>UFMG</strong><br />

** Preceptor da Residência Médica em <strong>Psiquiatria</strong> do Hospital das<br />

Clínicas da <strong>UFMG</strong><br />

36 Casos Clin Psiquiat 1999; 1(1):36-39<br />

lega. Em outras ocasiões, relata que surgiam em sua mente imagens<br />

<strong>de</strong> vizinhos agredindo sua mãe, tendo que se imaginar batendo<br />

nos vizinhos. Nesse período, apresentou uma lesão no<br />

membro superior direito, tendo sido diagnosticada leishmaniose<br />

e se submetido a tratamento específico. Relata que seu médico o<br />

informou que po<strong>de</strong>ria ficar com lesões permanentes no membro<br />

superior e, principalmente, no nariz. Diz que sua mãe discutia<br />

com os outros sobre sua doença, mas não comentava sobre isso<br />

com ele, motivo pelo qual passou a ter medo <strong>de</strong> ser portador <strong>de</strong><br />

câncer, tendo também “ouvido falar” sobre “amputação <strong>de</strong> braço”.<br />

Des<strong>de</strong> então, começou a “imaginar” o braço amputado, tendo<br />

que, para obter alívio, repetir o movimento que estivesse fazendo<br />

no momento <strong>de</strong> maneira invertida e imaginar o braço sadio.<br />

Passou a ter pensamentos on<strong>de</strong> se via morto num caixão.<br />

Nessas ocasiões, tinha que imaginar pelo menos duas pessoas no<br />

caixão, usualmente seus irmãos, e se imaginar com o nariz sadio.<br />

Nos três anos subsequentes o paciente parou <strong>de</strong> freqüentar a escola.<br />

Fazia a matrícula e comparecia às aulas no início do ano,<br />

mas <strong>de</strong>pois interrompia, pois dizia que não “aguentava prestar<br />

atenção em nada”.<br />

Atualmente, o paciente encontra-se sem se alimentar a<strong>de</strong>quadamente,<br />

ingerindo apenas sopa. Constantemente, relata que “a<br />

voz da mãe vem à sua mente” do seguinte modo: “o N. está com<br />

câncer no nariz”. Para obter alívio, precisa repetir o movimento<br />

que estiver fazendo <strong>de</strong> maneira invertida, e repetir mentalmente<br />

a frase ao contrário: “riz-na no cer-cân com tá-es N o”. Segundo a<br />

mãe e a irmã, o paciente faz gestos estranhos ao atravessar a rua<br />

e passa gran<strong>de</strong> parte do tempo em frente ao espelho. N diz que<br />

precisa ficar olhando-se no espelho para certificar-se <strong>de</strong> que seu<br />

nariz está sadio.<br />

Procurou atendimento médico em sua cida<strong>de</strong> natal, sendo-lhe<br />

prescrito imipramina, 75 mg/d, e haloperidol, 5 mg/d. Apresentou<br />

distonia aguda, procurando atendimento no Hospital Psiquiátrico<br />

Galba Velloso.<br />

História pregressa<br />

Nega tabagismo, uso <strong>de</strong> drogas, doenças, convulsões. Etilismo<br />

ocasional.<br />

História pessoal<br />

O paciente tem oito irmãos, sendo o mais novo. O mais velho<br />

tem 36 anos. Tem relacionamento distante com a maioria dos ir-<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Residência <strong>de</strong> <strong>Psiquiatria</strong><br />

Hospital das Clínicas - <strong>UFMG</strong><br />

Av. Prof. Alfredo Balena, 110 - 7º Andar<br />

30130-100 - Belo Horizonte - MG

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