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caderno 23 - História da Medicina

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Não obstante, centremo-nos no objectivo principal<br />

deste trabalho que é o de desenvolver um<br />

esboço do pensamento deste médico no que diz<br />

respeito à Saúde Escolar e, mais propriamente, ao<br />

modo como ele encarava a profissão de médicoescolar<br />

e o seu contributo para a emergência/aparecimento<br />

de novos grupos profissionais no interior <strong>da</strong><br />

paisagem educativa como, por exemplo, as Enfermeiras<br />

Escolares e ain<strong>da</strong> as conexões com o campo<br />

educativo e assistencial.<br />

“O Movimento Higienista em Portugal”<br />

O século XIX ficou marcado pela necessi<strong>da</strong>de<br />

de combater um conjunto de doenças infecto-contagiosas<br />

como a tuberculose, a peste bubónica, o<br />

tétano, entre outras mais ou menos frequentes no<br />

nosso país. Vários foram os autores que, na segun<strong>da</strong><br />

metade de Oitocentos, desenvolveram estudos<br />

ligados a estas doenças e deram um importante<br />

contributo no sentido do seu combate. Muitos desses<br />

trabalhos apontavam para a necessi<strong>da</strong>de de se<br />

expandirem novas mentali<strong>da</strong>des, hábitos e costumes,<br />

no que diz respeito às “noções de higiene e<br />

prática <strong>da</strong> sani<strong>da</strong>de” junto dos diferentes aglomerados<br />

populacionais (Martins, 1999: 52). Este problema<br />

foi realçado por várias vezes e inúmero protagonistas<br />

como por exemplo Ricardo Jorge.<br />

Assim, foi-se enraizando, gradualmente, a necessi<strong>da</strong>de<br />

de cui<strong>da</strong>r do corpo como forma de combate<br />

às doenças, e construiu-se um movimento que<br />

fez com que a Educação tivesse um papel importan-<br />

64<br />

MEDICINA NA BEIRA INTERIOR DA PRÉ-HISTÓRIA AO SÉCULO XXI<br />

te na definição dos hábitos de higiene junto <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s<br />

mais jovens <strong>da</strong> população. Mais uma vez, a<br />

Escola foi vista como a solução possível para a resolução<br />

dos problemas deste Homem em construção.<br />

O movimento higienista e de medicina social<br />

ganhou novos públicos e uma projecção maior na<br />

primeira metade do século XX, influenciando decisivamente<br />

a conduta do homem face a si mesmo e<br />

estabelecendo um conjunto de politicas orientadoras<br />

face aos problemas higienistas em associação<br />

com as práticas educativas.<br />

Os médicos tiveram um importante papel, em<br />

cruzamento com a Educação, na fiscalização dos<br />

diferentes dispositivos formados à época, como a<br />

“Liga Nacional Contra a Tuberculose” onde se destacou,<br />

por exemplo, Miguel Bombar<strong>da</strong> no combate<br />

a esta doença utilizando os meios de divulgação e<br />

informação que tinha ao seu dispor para ir ao encontro<br />

de uma determina<strong>da</strong> “consciência social”<br />

que deveria ser aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> no que diz respeito<br />

aos problemas de higiene.<br />

Efectivamente, os médicos afirmaram-se<br />

como representantes de uma ciência do corpo face<br />

ao sentimento religioso que se impunha, ain<strong>da</strong>, na<br />

primeira metade do século XX.<br />

Convém lembrar que este processo de afirmação<br />

do saber médico só foi possível porque o<br />

contexto político e social em que se vivia o permitiu.<br />

Recordemos que no final do século XIX e principio<br />

do século XX estavam em marcha um conjunto de<br />

ideias liga<strong>da</strong>s ao positivismo que se queria instalar<br />

definitivamente, assim como ideais políticos como o<br />

Republicanismo que haveriam de vingar em 1910.<br />

Esta consciência de cientista do corpo, associa<strong>da</strong><br />

aos médicos, é relevante porque só assim se<br />

compreende como, de modo gradual, entraram em<br />

diferentes instituições <strong>da</strong> época.<br />

Segundo Alcina Martins, “no século XX, os<br />

médicos e as suas organizações juntam-se para se<br />

imporem como guardiões <strong>da</strong> saúde pública, implantando<br />

o movimento higienista e de medicina social,<br />

defendendo a ciência médica, influenciando as decisões<br />

governamentais” (1999: 63).<br />

Apesar <strong>da</strong> importância <strong>da</strong> figura médica, ao<br />

longo do século XX surgem novos elementos profissionais<br />

ligados ao campo <strong>da</strong> saúde que, depois, se<br />

cruzarão com o campo educacional: o caso <strong>da</strong>s Enfermeiras,<br />

especificamente as Enfermeiras Escolares.

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