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nacionais ou estrangeiros, declaração pública junto<br />
<strong>da</strong> estátua, um espectáculo de teatro renascentista<br />
e a publicação de um volume com os trabalhos<br />
proferidos e com os que fossem enviados pelos<br />
conferentes convi<strong>da</strong>dos e que, por qualquer motivo,<br />
não pudessem estar presentes. Especificou-se que<br />
durante o espaço de tempo em que decorressem<br />
as comemorações, se iram promover conferências<br />
sobre Amato e uma sessão do teatro renascentista<br />
pelo TEUC <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Coimbra ou outro<br />
grupo, na Praça Velha, transportando a memória do<br />
génio médico para a zona quinhentista <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. A<br />
difusão <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des junto <strong>da</strong> comunicação social<br />
nacional também se estabeleceria, nomea<strong>da</strong>mente,<br />
com a edição no O Comércio do Porto, Primeiro de<br />
Janeiro, Diário de Notícias, Diário de Lisboa, Diário<br />
Popular, etc., de suplementos literários sobre Amato<br />
que poderiam ficar arquivados no volume comemorativo<br />
a ser editado. As três universi<strong>da</strong>des com<br />
os respectivos reitores, o presidente <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de<br />
de Ciências Médicas, I<strong>da</strong>lino de Vasconcelos do<br />
Brasil, o Professor Leibowitz de Israel e Luís Sanches<br />
Grangel de Salamanca (o emérito Professor<br />
salamantino só haveria de vir a Castelo Branco em<br />
2000) seriam convi<strong>da</strong>dos a associar-se à efeméride.<br />
A certa altura, porém, a comissão reconheceu que,<br />
por falta de suficiente apoio financeiro por, parte do<br />
poder local e do representante do poder central, lhe<br />
seria impossível continuar os trabalhos até que tal<br />
apoio fosse obtido, o que não haveria de acontecer,<br />
apesar de todos os contactos e desenvolvidos principalmente<br />
por Vasco Mendes de Matos. As diligências<br />
tar<strong>da</strong>ram e ultrapassou-se a <strong>da</strong>ta prevista para<br />
realização do programa estabelecido e a Comissão<br />
dissolveu-se. A leitura <strong>da</strong> última acta é significativa<br />
pela declaração de voto de José Lopes Dias quando<br />
diz que «as comemorações do quadricentenário<br />
<strong>da</strong> morte de Amato Lusitano, não deixarão de ser<br />
assegura<strong>da</strong>s a título particular na revista Estudos de<br />
Castelo Branco; e pela cunhagem de uma me<strong>da</strong>lha<br />
de bronze que ficará a assinalar a histórica efeméride.»,<br />
o que de facto viria a acontecer. Este abandono<br />
e desinteresse por parte de alguns níveis do<br />
poder local em, efectivamente, celebrar a efeméride<br />
mereceu algumas repulsas procedentes do seio<br />
do mesmo poder autárquico, nomea<strong>da</strong>mente pela<br />
voz crítica do vereador Vasco Mendes de Matos. O<br />
advogado vai tecer uma contundente resposta jus-<br />
MEDICINA NA BEIRA INTERIOR DA PRÉ-HISTÓRIA AO SÉCULO XXI<br />
tificativa do seu descontentamento pela situação,<br />
elaborando uma curiosa análise sobre a presença<br />
e o papel, nessa época, <strong>da</strong> cultura nas autarquias.<br />
Escreveu: « (…) To<strong>da</strong>via, desejo acentuar que existe<br />
um plano em que a autonomia municipal não está<br />
sujeita, com tanta intensi<strong>da</strong>de, ao condicionalismo<br />
apontado. Refiro-me ao plano <strong>da</strong> cultura onde, com<br />
verbas relativamente modestas compara<strong>da</strong>s com<br />
as que são exigi<strong>da</strong>s pelas grandes obras de fomento,<br />
é possível satisfazer necessi<strong>da</strong>des tão importantes<br />
como as de ordem material. Por aqui se vê como<br />
as câmaras poderiam, e deveriam, levar a cabo uma<br />
vasta e benéfica acção cultural, sistematiza<strong>da</strong> em<br />
planos estabelecidos com antecipação e em que<br />
interviessem, a título<br />
consultivo, os<br />
munícipes idóneos<br />
e ligados aos diferentes<br />
sectores<br />
<strong>da</strong> cultura. Mas, se<br />
em muitos casos<br />
assim não acontece,<br />
tal não se deve<br />
atribuir a culpa exclusiva<br />
de A ou de<br />
B. É que os tipos<br />
de comportamento<br />
individual, mesmo<br />
no plano político,<br />
encontram-se, em<br />
larga medi<strong>da</strong>, influenciados pelo ambiente em que<br />
se desenrolam.» Acrescentando que, para ele, estas<br />
comemorações «<strong>da</strong>riam também, de forma indirecta,<br />
o seu contributo para o esclarecimento do público<br />
português no sentido de que Castelo Branco<br />
não é só a terra dos desastres e dos crimes, estampados<br />
na página do Diário de Notícias, mas que,<br />
em conjunto com a região de que é a cabeça, tem<br />
um lugar próprio e individualizado naquilo a que<br />
Fernando <strong>da</strong> Cunha Leão, no seu notável trabalho “<br />
O enigma português”, designou como a corografia<br />
espiritual de Portugal.», concluindo que: «Procedendo<br />
como procedeu - e este é um parecer pessoal<br />
pois ninguém me conferiu nem eu aceitava man<strong>da</strong>to<br />
para falar em nome de outra coisa que não fosse<br />
o que julgo ser o interesse <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de - a Comissão<br />
interpretou a resolução camarária de 10 de<br />
Maio de 1967 no seu único sentido válido: o de fazer<br />
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