12.06.2013 Views

caderno 23 - História da Medicina

caderno 23 - História da Medicina

caderno 23 - História da Medicina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O Dr. Nabinho Amaral casou em Lisboa com D.<br />

Judith Jordão Fernandes Tabor<strong>da</strong>, do Fundão, que<br />

era filha do Dr. João Augusto <strong>da</strong> Costa Fernandes<br />

Tabor<strong>da</strong> (também ele médico notável com consultório<br />

na capital, ao Chiado, e que chegara a ser médico<br />

do rei D. Carlos) e parente (tio materno?) <strong>da</strong><br />

Dr.ª Maria Olívia Cabral. Do casamento adveio uma<br />

filha, D. Maria Luísa <strong>da</strong> Fonseca Tabor<strong>da</strong> Amaral e<br />

Craveiro, que casou com António Carlos Craveiro,<br />

industrial de lanifícios <strong>da</strong> Covilhã, pais de um outro<br />

médico actualmente a exercer no Fundão, o Dr.<br />

Miguel Tabor<strong>da</strong> Amaral Craveiro. Como curiosi<strong>da</strong>de,<br />

assinala-se que é na mesma casa onde o Dr. Nabinho<br />

Amaral exercia que o neto vem mantendo a sua<br />

Clínica, de <strong>Medicina</strong> Dentária (na Rua 5 de Outubro,<br />

n.º 6), e com um registo de pessoa colectiva a fazer<br />

lembrar estas Jorna<strong>da</strong>s: <strong>Medicina</strong> Beira Interior.<br />

Do que foi a activi<strong>da</strong>de profissional do epigrafado,<br />

como médico e ci<strong>da</strong>dão fun<strong>da</strong>nense, não detenho,<br />

infelizmente, muitas informações concretas,<br />

por falta de mais atura<strong>da</strong> pesquisa. Mas o conceito<br />

geral que pude auscultar e que ain<strong>da</strong> paira no<br />

imaginário fun<strong>da</strong>nense é francamente positivo. Não<br />

querendo, to<strong>da</strong>via, ficar-me por generalizações,<br />

pareceu-me acertado obter um testemunho objectivo<br />

e franco de quem o conheceu como ninguém; e<br />

MEDICINA NA BEIRA INTERIOR DA PRÉ-HISTÓRIA AO SÉCULO XXI<br />

essa pessoa é a sua filha D. Maria Luísa <strong>da</strong> Fonseca<br />

Amaral, que muito atenciosa e gentilmente não quis<br />

deixar de aceder à minha solicitação. Aqui ficam,<br />

pois, algumas passagens do seu depoimento:<br />

«Depois de licenciado e já casado, decidiu<br />

[meu pai] <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de aos seus<br />

estudos, por via de especializações em Estomatologia,<br />

Otorrinolaringologia e Oftalmologia,<br />

que fez na Sorbonne em Paris, onde esteve<br />

três anos. Daí trouxera o gosto por automóveis<br />

desportivos, um Adler, viatura desportiva<br />

elegante à época, também fruto <strong>da</strong> admiração<br />

por um talentoso jovem engenheiro chamado<br />

Ferdinand Porsche, que conhecera” 3 .<br />

Contrariando as suas origens, era republicano.<br />

A sua dedicação aos outros era enorme e era conhecido<br />

para além <strong>da</strong>s fronteiras <strong>da</strong> região ou do<br />

país. Tinha uma cultura vasta e abrangente (Trigonometria,<br />

Astronomia, Agricultura, etc.) e uma capaci<strong>da</strong>de<br />

enorme de influenciar os outros, quer pela<br />

sua personali<strong>da</strong>de forte, quer pela maneira de ver<br />

a vi<strong>da</strong>, sob o lema “um caminho, um exemplo”. Tinha<br />

também um apuradíssimo sentido de estética.<br />

Dedicava-se à fotografia, matéria em que foi diversas<br />

vezes premiado, com a sua Rolleyflex. Mas, se<br />

a sua sensibili<strong>da</strong>de era enorme, a sua grandeza de<br />

alma ain<strong>da</strong> era maior: punha em tudo o que fazia<br />

uma grande determinação, onde se revelava uma<br />

extraordinária visão estratégica.<br />

Como médico, era excepcional, e tanto do ponto<br />

de vista profissional como humano. Foi director do<br />

[antigo] Hospital do Fundão, durante muitos anos,<br />

e nunca levantou o ordenado, assim como não<br />

cobrava honorários às pessoas que tinham dificul<strong>da</strong>des.<br />

Muitas foram as vezes que meteu dinheiro<br />

nos bolsos dos doentes mais desprotegidos, para<br />

de imediato poderem comprar os medicamentos<br />

de que tanto necessitavam. Nunca se negava a<br />

<strong>da</strong>r apoio a quem precisasse; encarava a <strong>Medicina</strong><br />

como uma missão, que assumia e onde se revia,<br />

podendo dizer-se que encarnava localmente o perfil<br />

de João Semana. Era um generalista famoso, tendo<br />

pacientes que se deslocavam de muito longe para<br />

o consultar.”<br />

Falar dos “nossos” não é fácil, por pudor ou pelo<br />

receio de cair em suspeição. Mas a minha informa-<br />

89

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!