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caderno 23 - História da Medicina

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clínico em 1948, (este estabelecimento de ensino<br />

ostenta hoje a designação Escola Superior de<br />

Saúde Dr. Lopes Dias), do Dispensário de Puericultura<br />

Dr. Alfredo <strong>da</strong> Mota e do edifício do primitivo<br />

Hospital <strong>da</strong> Santa Casa <strong>da</strong> Misericórdia, instituições<br />

por si cria<strong>da</strong>s, geri<strong>da</strong>s e promovi<strong>da</strong>s durante várias<br />

déca<strong>da</strong>s. O nome de Lopes Dias enraizava-se, desta<br />

feita, à paisagem do seu espaço vivido profissional<br />

com a colocação de uma placa em bronze 18<br />

sob a janela do 1º an<strong>da</strong>r do prédio nº 25 <strong>da</strong> rua<br />

João Carlos Abrunhosa, no local onde tinha tido o<br />

seu primeiro consultório. Na cerimónia discorreriam<br />

sobre a personali<strong>da</strong>de do homenageado os antigos<br />

alunos Francisco Carqueja e Joaquim Parro,<br />

entregando-se aos presentes o opúsculo de autoria<br />

deste último. Uma vez mais se recordou certos<br />

tópicos <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de amatiana e <strong>da</strong> sua união historiográfica<br />

ao clínico albicastrense: «Não menosprezando<br />

os trabalhos de medicina Social em que<br />

tanto brilhou, a <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> foi a suprema<br />

predilecção do Doutor Lopes Dias, centraliza<strong>da</strong>, no<br />

tríplice aspecto de tratadista, activi<strong>da</strong>de clínica e<br />

de figura do renascimento em João Rodrigues de<br />

Castelo Branco, mais conhecido nos meios científicos<br />

do seu tempo, e actualmente, pelo pseudónimo<br />

de Amato Lusitano que ele próprio adoptou, já<br />

exilado <strong>da</strong> sua ama<strong>da</strong> Pátria – como se quisesse<br />

trazer sempre na memória e no coração. Sim, Lusitano<br />

amado, português enamorado <strong>da</strong> sua terra,<br />

português indefectível…». O cirurgião ortopedista,<br />

conhecido no país como um grande especialista em<br />

medicina desportiva, Branco de Amaral 19 e o malogrado<br />

cardiologista Henriques Carvalhão, antigo colaborador<br />

de José Lopes Dias e uma personali<strong>da</strong>de<br />

sempre associa<strong>da</strong> às elites médico-culturais citadinas,<br />

foram também evocados durante esta Romagem<br />

de Sau<strong>da</strong>de, atribuindo-se os seus nomes a<br />

arruamentos nas novas zonas de expansão urbana<br />

de Castelo Branco.<br />

A ci<strong>da</strong>de tinha já, nestes anos, domesticado,<br />

assimilado, aplicado e multiplicado em várias situações<br />

e suportes a personali<strong>da</strong>de e o nome de<br />

Amato Lusitano. Hoje, apesar <strong>da</strong>s texturas amatinas<br />

se encontrarem não tão viçosas pelo menos na associação<br />

ou na tradução deste vulto histórico como<br />

um símbolo identitário, esse domínio <strong>da</strong> vertente<br />

erudita <strong>da</strong>s raízes convive com as raízes de face<br />

mais tradicional e rural <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, como, por<br />

MEDICINA NA BEIRA INTERIOR DA PRÉ-HISTÓRIA AO SÉCULO XXI<br />

exemplo, aquando<br />

<strong>da</strong> folclorização<br />

albicastrense<br />

p r o p o r c i o n a d a<br />

pela fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><br />

Orquestra Típica<br />

Albicastrense em<br />

1957, onde Amato<br />

fazia parte <strong>da</strong> letra.<br />

Castelo Branco,<br />

ci<strong>da</strong>de, /Onde a<br />

própria clari<strong>da</strong>de.<br />

/ Tem mais fulgor<br />

e magia. / Terra<br />

de labor insano, /<br />

Onde Amato Lusitano,<br />

/ Viu primeiro<br />

a luz do dia” 20 .<br />

Em inícios<br />

<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de setenta,<br />

uma original<br />

livraria <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de,<br />

impulsiona<strong>da</strong> pelo<br />

saudoso livreiro<br />

Narciso Melo<br />

Brás, assumirá o<br />

nome de Amato<br />

Lusitano. Aí pela<br />

primeira vez vai-se<br />

associar, num mural,<br />

a iconografia<br />

amatiana tradicional<br />

com a representaçãoquinhentista<br />

do burgo elabora<strong>da</strong><br />

por Duarte d´Armas nos começos do século<br />

XVI. Uma farmácia, uma escola secundária, um rede<br />

de clínicas médicas, uma associação de desenvolvimento<br />

local, e até um empreendimento imobiliário,<br />

apossaram-se do nome Amato, utilizando-o como<br />

designação simbólica positiva, formando um conjunto<br />

muito polissémico quanto às suas significações<br />

e traduções urbanas e sociais. Deste conjunto<br />

de apropriações distingue-se o caso do Hospital <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de, equipamento construído em 1975 e inaugurado<br />

em 1977, designado por Hospital Amato<br />

Lusitano apenas a partir de 1995. O Conselho de<br />

Administração, então presidido pelo médico Castelo<br />

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