O Partido com Paredes de Vidro - Partido Comunista Português
O Partido com Paredes de Vidro - Partido Comunista Português
O Partido com Paredes de Vidro - Partido Comunista Português
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O <strong>Partido</strong> <strong>com</strong> <strong>Pare<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>Vidro</strong><br />
<strong>de</strong>legados aprovam por unanimida<strong>de</strong> os documentos fundamentais.<br />
Mais surpreendidos ainda, quando vêem levantar-se no ar<br />
a floresta <strong>de</strong> cartões vermelhos e o exaltante entusiasmo que<br />
a<strong>com</strong>panha a votação e o seu resultado.<br />
Procuram explicar tal fenómeno (assombroso aos seus<br />
olhos) por qualquer filtragem <strong>de</strong> <strong>de</strong>legados, por qualquer terrível<br />
disciplina <strong>de</strong> tipo militar, por quaisquer formas <strong>de</strong> pressão<br />
ou coacção, ou ainda pelo atraso político e mental dos<br />
membros do <strong>Partido</strong>, que votariam tudo quanto lhes é proposto<br />
por serem incapazes <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> opinar.<br />
Alguns vão ao ponto <strong>de</strong> <strong>com</strong>parar essas votações e essa unanimida<strong>de</strong><br />
verificada no PCP <strong>com</strong> os <strong>de</strong>bates conflituosos e numerosas<br />
e minuciosas votações por maioria e minoria verificados<br />
em congressos <strong>de</strong> outros partidos, concluindo que nestes últimos<br />
é que se revela a <strong>de</strong>mocracia, enquanto a unanimida<strong>de</strong> no<br />
PCP revelaria a falta <strong>de</strong>la.<br />
Esta apreciação acusa profundo <strong>de</strong>sconhecimento das realida<strong>de</strong>s<br />
e um critério superficial, limitado, burocrático e pequeno-<br />
-burguês da <strong>de</strong>mocracia.<br />
De facto, nesses outros partidos citados, por que se verificam<br />
tão agudos e conflituosos <strong>de</strong>bates nos seus congressos? Por<br />
que se assiste a tão profundas e constantes divisões em relação<br />
a todos os problemas discutidos? Por que se polarizam tantas<br />
vezes as opiniões e votações em torno <strong>de</strong> plataformas políticas<br />
divergentes e <strong>de</strong> dirigentes em permanente conflito? Porquê essa<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pormenorizadas votações a propósito das mais<br />
pequenas coisas?<br />
Isso suce<strong>de</strong> porque não existe uma verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>mocracia<br />
interna, porque se admitem e prolongam situações anti<strong>de</strong>mocráticas,<br />
porque não há a busca constante das contribuições dos<br />
militantes e dos apuramentos <strong>de</strong>mocráticos, porque não existe<br />
trabalho colectivo.<br />
Nesses casos, os acesos <strong>de</strong>bates e votações conflituosas<br />
sempre por maioria e minoria são a explosão pública e global<br />
da falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia interna.<br />
No PCP, a unanimida<strong>de</strong> traduz todo um trabalho anterior<br />
123