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O Partido com Paredes de Vidro - Partido Comunista Português

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Álvaro Cunhal<br />

na sobrevalorização sistemática da opinião própria e da acção<br />

própria; na resistência a aceitar e a actuar segundo a opinião<br />

<strong>de</strong> outros, sobretudo quando contrária à própria; na dificulda<strong>de</strong><br />

em inscrever a activida<strong>de</strong> própria na activida<strong>de</strong> do colectivo.<br />

É relativamente frequente o caso <strong>de</strong> militantes que, por<br />

acreditarem <strong>de</strong>masiado em si próprios e pouco nos seus camaradas,<br />

chamam a si a realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>masiadas tarefas, muitas<br />

vezes superiores às próprias forças.<br />

Suce<strong>de</strong>u <strong>com</strong> frequência após o 25 <strong>de</strong> Abril que, em assembleias<br />

<strong>de</strong> organizações, um só camarada (e por vezes não um<br />

dirigente da organização que realizava a assembleia, mas o<br />

«controleiro» <strong>de</strong>ssa organização) presidia, dirigia os <strong>de</strong>bates,<br />

dava a palavra aos oradores, lia moções e tirava as conclusões.<br />

Po<strong>de</strong> acontecer, num momento dado, que sozinhos realizem<br />

conjunturalmente melhor as tarefas que partilhando-as <strong>com</strong><br />

outros. Mas, <strong>com</strong> tal actuação, impe<strong>de</strong>m a aprendizagem, o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

e a experiência <strong>de</strong> outros quadros, abalam a<br />

confiança dos outros quadros em si próprios e correm o risco<br />

<strong>de</strong> <strong>com</strong>eter (<strong>com</strong>o também frequentemente suce<strong>de</strong>) graves faltas<br />

e <strong>de</strong> provocar sérios insucessos.<br />

Não se <strong>de</strong>ve dar a um só militante o po<strong>de</strong>r para <strong>de</strong>cidir sozinho<br />

<strong>de</strong> graves questões, quando a <strong>de</strong>cisão po<strong>de</strong> ser tomada<br />

num colectivo <strong>com</strong> outros camaradas. E, se tal po<strong>de</strong>r é conferido,<br />

será mau sintoma se aquele a quem é conferido o toma à<br />

letra e não procura (salvo casos excepcionais que o impeçam)<br />

aferir pela opinião dos outros a justeza da sua opinião individual.<br />

Também não é raro o caso <strong>de</strong> camaradas que consi<strong>de</strong>ram<br />

a opinião do colectivo <strong>com</strong>o boa quando coinci<strong>de</strong> <strong>com</strong> a sua<br />

própria, mas já a consi<strong>de</strong>ram contestável e <strong>de</strong> menor obrigatorieda<strong>de</strong><br />

quando a contraria ou se lhe opõe.<br />

Suce<strong>de</strong> assim que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate no seu organismo,<br />

verificando que a sua opinião não foi aceite, se eximem ao cumprimento<br />

da tarefa <strong>de</strong>cidida, justificando tal atitu<strong>de</strong> <strong>com</strong> o argumento<br />

<strong>de</strong> que, por lhes faltar convicção, não são os mais<br />

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