O Partido com Paredes de Vidro - Partido Comunista Português
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Álvaro Cunhal<br />
O <strong>de</strong>srespeito <strong>de</strong> tal regra geraria <strong>de</strong>sorganização, conflitos permanentes,<br />
violações <strong>de</strong> outros princípios da <strong>de</strong>mocracia interna,<br />
métodos anárquicos e <strong>de</strong>sagregação nas fileiras do partido, ferindo<br />
profundamente a sua unida<strong>de</strong>.<br />
Elemento insubstituível da <strong>de</strong>mocracia interna e do envolvente<br />
trabalho colectivo é ainda a efectiva participação <strong>de</strong> todo<br />
o partido no estudo e elaboração das orientações fundamentais<br />
da acção partidária.<br />
N<br />
o trabalho <strong>de</strong> direcção, o princípio do trabalho colectivo<br />
assume importância fundamental e o valor <strong>de</strong><br />
uma «lei» (p. 111). Tem em si a contribuição individual e o mérito<br />
e a experiência <strong>de</strong> cada um dos que nele participam (p. 133).<br />
Dirigir é «<strong>de</strong>cidir, orientar, dar directrizes e indicações,<br />
distribuir e atribuir tarefas», examinar as situações e encontrar<br />
respostas para elas (p. 129). É «explicar, ajudar, convencer, dinamizar»<br />
(pp. 129-130). E realizar esse trabalho em ligação estreita<br />
<strong>com</strong> a base do partido, <strong>com</strong> a classe operária, <strong>com</strong> as massas<br />
trabalhadoras, <strong>com</strong> as populações.<br />
A prática <strong>de</strong> ouvir as opiniões discordantes manifestadas no<br />
exercício do direito <strong>de</strong> criticar e <strong>de</strong> propor é um elemento necessário<br />
à reflexão <strong>de</strong> quem dirige. Assim as <strong>de</strong>cisões convencem e<br />
ganham prestígio e autorida<strong>de</strong>.<br />
É <strong>de</strong> <strong>com</strong>bater a tendência para — em vez <strong>de</strong> dirigir —<br />
mandar, <strong>com</strong>andar, dar or<strong>de</strong>ns (p. 222), impor <strong>de</strong>cisões, <strong>de</strong>ixar<br />
que medre «o elogio, a lisonja, o aplauso sistemático» (p. 134) a<br />
tal ou tal dirigente mais responsável, vício que quem o tem cada<br />
vez sente mais necessitar <strong>de</strong>le.<br />
O chamado «culto da personalida<strong>de</strong>» constituiu uma terrível<br />
experiência <strong>de</strong> que ainda hoje é necessário extrair múltiplas<br />
lições. A atribuição a um «chefe» dos êxitos que se <strong>de</strong>vem a<br />
muitos outros militantes; a aceitação, por sistema, «cega» ou não<br />
reflectida, das suas opiniões e <strong>de</strong>cisões; a crença na sua infalibilida<strong>de</strong>;<br />
as medidas administrativas, disciplinares e repressivas<br />
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