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O Partido com Paredes de Vidro - Partido Comunista Português

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Álvaro Cunhal<br />

CORRECTO APREÇO, ELOGIO E ADULAÇÃO<br />

É justo o apreço pela contribuição individual dos militantes,<br />

pelo seu talento, os seus méritos, os serviços e as provas que<br />

prestaram e prestam. Trata-se <strong>de</strong> um princípio válido em todo<br />

o <strong>Partido</strong> e naturalmente também válido quando referido aos<br />

dirigentes em qualquer escalão.<br />

É <strong>de</strong> evitar que aqueles que empregam os seus esforços na<br />

realização <strong>de</strong> uma tarefa e conseguem um resultado positivo fiquem<br />

<strong>de</strong>pois pensando que os seus camaradas ou não repararam<br />

sequer ou têm reservas críticas que não expressaram.<br />

Mas o apreço não é uma re<strong>com</strong>pensa. Nem sequer necessita<br />

<strong>de</strong> se expressar em referências explícitas.<br />

O apreço pelo trabalho e a contribuição individuais e a<br />

eventual valorização <strong>de</strong>sse trabalho e <strong>de</strong>ssa contribuição <strong>de</strong> forma<br />

alguma se <strong>de</strong>vem converter em referências <strong>de</strong> carácter<br />

sistemático, na prática do elogio que <strong>de</strong>scamba facilmente na<br />

lisonja e na adulação.<br />

A justa valorização da contribuição individual dos militantes<br />

(<strong>de</strong>signadamente dos mais responsáveis) é in<strong>com</strong>patível <strong>com</strong><br />

tal prática.<br />

A prática do elogio, da lisonja, do aplauso sistemático e<br />

quase obrigatório converte-se facilmente num processo perigoso<br />

na vida interna do <strong>Partido</strong>.<br />

Mal vão as coisas quando o nome do mais responsável<br />

não po<strong>de</strong> ser pronunciado sem que uma salva <strong>de</strong> palmas o acolha.<br />

Se tais hábitos se criam, a partir <strong>de</strong> certa altura já se repara<br />

em quem não elogia e em quem não aplau<strong>de</strong>, já se interpreta<br />

o não elogiar e o não aplaudir sistemático <strong>com</strong>o sinal <strong>de</strong><br />

discordância ou oposição.<br />

E, assim, po<strong>de</strong> acontecer que passam a ser «mal vistos» bons<br />

militantes, ao mesmo tempo que outros se vão a<strong>com</strong>odando a<br />

tal prática <strong>de</strong>feituosa por receio <strong>de</strong> ser mal interpretada a ausência<br />

dos sinais <strong>de</strong> apreço e aplauso.<br />

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