O Partido com Paredes de Vidro - Partido Comunista Português
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Álvaro Cunhal<br />
Todos os partidos que existiam na altura do golpe militar<br />
<strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1926 <strong>de</strong>sapareceram da cena política nacional.<br />
O <strong>Partido</strong> Democrático e o <strong>Partido</strong> Republicano cessaram<br />
<strong>de</strong> seguida as suas activida<strong>de</strong>s. O <strong>Partido</strong> Socialista <strong>de</strong>cidiu em<br />
1933 a sua autodissolução. As organizações anarquistas, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> uma efémera reanimação nos anos da Guerra Civil <strong>de</strong> Espanha<br />
(1936-1939), foram <strong>de</strong>stroçadas e liquidadas pela repressão.<br />
Antifascistas <strong>de</strong> várias tendências formaram por vezes<br />
grupos mais ou menos activos. Mas, <strong>com</strong> a excepção do PCP,<br />
os partidos políticos <strong>de</strong>sapareceram <strong>com</strong>pletamente no tempo<br />
da ditadura. O actual <strong>Partido</strong> Socialista, que invoca a sua suposta<br />
existência anterior ao 25 <strong>de</strong> Abril, só em 1973, já nas vésperas<br />
do <strong>de</strong>rrubamento da ditadura, foi constituído na República<br />
Fe<strong>de</strong>ral da Alemanha.<br />
Assim, nos 48 anos <strong>de</strong> ditadura fascista, o PCP foi praticamente<br />
o único partido existente, o único a conduzir <strong>de</strong> forma<br />
organizada, permanente e contínua a luta em <strong>de</strong>fesa dos interesses<br />
dos trabalhadores, do povo e do País, o único a travar<br />
uma luta sem tréguas pela liberda<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>mocracia.<br />
Os <strong>com</strong>unistas pagaram a sua <strong>de</strong>dicação <strong>com</strong> pesados sacrifícios.<br />
Vidas inteiras consagradas à luta clan<strong>de</strong>stina. Milhares<br />
<strong>de</strong> homens e mulheres perseguidos, presos, torturados, encerrados<br />
nas prisões durante longos anos. Alguns mais <strong>de</strong> 20 anos.<br />
Alguns, conhecidos e procurados pela PIDE, mantendo-se clan<strong>de</strong>stinamente<br />
no País até 20, até 30 anos. Numerosos militantes<br />
assassinados nas prisões, ou <strong>com</strong> torturas, ou a tiro.<br />
Qualquer balanço objectivo da resistência antifascista obriga<br />
a concluir que, nos duros tempos da ditadura, os <strong>com</strong>unistas<br />
foram o <strong>de</strong>stacamento <strong>de</strong> <strong>com</strong>bate, o braço, a vanguarda, a<br />
honra, a consciência do povo português na luta pela liberda<strong>de</strong>.<br />
Nos anos <strong>de</strong>corridos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o 25 <strong>de</strong> Abril, tanto no exaltante<br />
fluxo revolucionário <strong>de</strong> 1974-1975, <strong>com</strong>o ante as ofensivas contra-revolucionárias<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas por sucessivos<br />
governos, os <strong>com</strong>unistas estiveram à altura das suas heróicas<br />
tradições e das suas responsabilida<strong>de</strong>s. Nestes 11 anos <strong>de</strong> luta<br />
entre as forças da restauração monopolista e as forças voltadas<br />
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