Weekend 1195 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico
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10 <strong>Económico</strong> — <strong>Weekend</strong> Sábado 5 Dezembro 2009<br />
ECONOMIA<br />
Dólar sobe, empresas<br />
tremem e famílias<br />
sorriem... no Natal<br />
Numa altura em que cresce o frenesim em torno das compras<br />
do Natal, os consumidores têm no dólar um grande aliado.<br />
Luís Reis Pires<br />
luis.pires@economico.pt<br />
Eles falam, falam, falam, até fazem,<br />
mas não conseguem nada.<br />
Desde os governadores dos bancos<br />
centrais aos líderes políticos<br />
mundiais, já se perdeu a conta à<br />
quantidade de avisos sobre o<br />
perigo que acarreta a actual depreciação<br />
do dólar. O resultado<br />
temsidonuloeamoedanorteamericana<br />
teima em bater mínimos<br />
históricos.<br />
OBancoCentraldaChinaéo<br />
único a agir em vez de falar. Mas<br />
esse mais valia estar quieto – dizem<br />
os norte-americanos, gritam<br />
os europeus – porque só intervém<br />
para manter o iuan desvalorizado,<br />
beneficiando assim<br />
as exportações chinesas. E<br />
quando isso acontece, diz Marco<br />
Annunziata, economista-chefe<br />
do Unicredit e conselheiro da<br />
Comissão Europeia, “as outras<br />
economias asiáticas tendem a<br />
fazer o mesmo, para não perderem<br />
competitividade nas exportações”.<br />
Resultado: a economia<br />
europeia sai prejudicada porque<br />
vê os seus produtos ficarem mais<br />
caros. Mas se a valorização do<br />
euro é uma má notícia para as<br />
empresas europeias exportadoras,<br />
é uma excelente oportunidade<br />
para os consumidores, que<br />
encontram agora uma panóplia<br />
de bens e serviços a preços de<br />
saldo (ver texto ao lado).<br />
As fragilidades reveladas pela<br />
economia dos Estados Unidos<br />
durante a crise levaram os investidores<br />
a travar o assédio à<br />
moeda que outrora consideraram<br />
intocável. E se a opção da<br />
Reserva Federal (Fed) em tornar<br />
o acesso ao dólar praticamente<br />
sem custos (com juros próximos<br />
EURO FACE AO DÓLAR<br />
1,49<br />
A moeda única europeia vale já<br />
quase 1,5 dólares. A divisa norteamericana<br />
continua em queda,<br />
apesar de ter recuperado um<br />
pouco nos últimos dias.<br />
Jean-Claude<br />
Trichet<br />
Governador<br />
do BCE<br />
O governador do BCE já<br />
abordou a questão mais do que<br />
uma vez, mas sempre de forma<br />
muito delicada: “Confio<br />
na sinceridade das autoridades<br />
norte-americanas” [quando<br />
se mostram preocupadas<br />
com a quebra do dólar].<br />
EURO FACE À LIBRA<br />
0,90<br />
A moeda britânica também tem<br />
vindo a perder força e não está<br />
muito longe da paridade. No entanto,<br />
a libra esterlina continua a valer<br />
mais do que a moeda europeia.<br />
de zero) ajudou o sistema financeiro,<br />
prejudicou, por outro<br />
lado, a força da moeda. A desconfiança<br />
face ao dólar agravou-se<br />
ainda mais com os desequilíbrios<br />
nas contas públicas<br />
nooutroladodoAtlântico-o<br />
défice deverá superar os 10% do<br />
PIBesteano.<br />
Tudo somado, o dólar não resistiu<br />
e começou a cair de forma<br />
abrupta face às principais divisas<br />
mundiais, sobretudo o euro e o<br />
iene. A moeda norte-americana<br />
chegou a ser negociada abaixo<br />
dos 50 cêntimos de euro, atingindo<br />
mínimos históricos. Entretanto<br />
já recuperou um pouco<br />
e, neste momento, o dólar vale<br />
cercade0,67cêntimosdeeuros.<br />
Depreciação do dólar<br />
ameaça retoma da Europa<br />
A OCDE avisou recentemente,<br />
no Economic Outlook de Outono,<br />
que caso se mantenha a tendência<br />
da desvalorização do dólar,<br />
a retoma mundial e, sobretudo,<br />
da Europa, pode vir a ser<br />
ameaçada. “Se o dólar cai mais,<br />
aretomaeuropeiaficamuito<br />
ameaçada”, corrobora Marco<br />
Annunziata porque “a recuperação<br />
da Europa está a fazer-se<br />
muito pelo comércio externo”.<br />
Nesse sentido, Portugal até está<br />
um pouco mais protegido, lembra<br />
o economista, porque tem<br />
grande parte dos seus mercados<br />
no Velho Continente. “Mas se a<br />
recuperação das economias europeias<br />
colapsar, as encomendasdaEuropaaPortugalvãode<br />
arrasto”, avisa o economista.<br />
A situação preocupa e, em<br />
Portugal, José Sócrates já se<br />
mostrou apreensivo com o impacto<br />
da queda do dólar nas exportações<br />
portuguesas. ■<br />
EURO FACE AO IUAN<br />
10,13<br />
A China continua a manter<br />
o iuan depreciado por causa das<br />
exportações. E a Europa está a<br />
sofrer com isso: o euro vale já dez<br />
vezes mais que o iuan.