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Weekend 1195 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico

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22 <strong>Económico</strong> — <strong>Weekend</strong> Sábado 5 Dezembro 2009<br />

POLÍTICA<br />

Há 37 dias que a justiça<br />

é a principal arma<br />

de arremesso político<br />

O PSD continua a exigir que Sócrates fale sobre a suspeita de “espionagem política”<br />

na Face Oculta. O primeiro-ministro acusa Ferreira Leite de “coscuvilhice” política.<br />

Catarina Madeira<br />

eSusanaRepresas<br />

catarina.madeira@economico.pt<br />

Há muito que a justiça entrou no<br />

debate político, mas nas últimas<br />

três semanas passou a ser o tema<br />

central da troca de acusações entre<br />

os partidos. Manuela Ferreira<br />

Leite, foi a primeira a levar estas<br />

questões para a Assembleia da<br />

República. Em causa estava o caso<br />

Face Oculta e as escutas telefónicas<br />

entre Armando Vara (arguido)<br />

e José Sócrates. A líder do PSD pediu<br />

justificações ao primeiro-ministro<br />

em pleno plenário e, desde<br />

aí, a justiça parece ter entrado<br />

para ficar no debate político, com<br />

a discussão a subir de tom.<br />

Ontem, no primeiro debate<br />

quinzenal da legislatura, assistiuse<br />

a um dos momentos mais tensos<br />

desta cronologia (ver infografia).<br />

Ferreira Leite acusou o ministro<br />

da Economiaeovice-presidente<br />

da bancada socialista de<br />

fazerem um ataque “indigno” à<br />

justiça, quando falaram de “espionagem<br />

política”, e um “ataque<br />

baixo” quando insinuaram que a<br />

líder do PSD teria tido acesso às<br />

escutas antes das eleições legislativas.<br />

“Ou o senhor hoje diz se<br />

subscreve ou não [as declarações<br />

de Vieira da Silva e de Ricardo Rodrigues],<br />

ou dir-lhe-ei que nem<br />

sequer tem consciência da importância<br />

do lugar que desempenha<br />

neste país”.<br />

O líder do Bloco de Esquerda<br />

também quis pressionar uma posição<br />

de Sócrates: “Houve uma<br />

acusação feita por dois ministros,<br />

um está sentado ao seu lado. Uma<br />

acusação política a um juiz de<br />

Aveiro e a magistrados do Ministério<br />

Público que terão conduzido<br />

espionagem política contra si.<br />

Quero saber se se mexe um milímetroousómandaatoardas”,atirou<br />

Francisco Louçã. Em resposta,<br />

o primeiro-ministro recusou usar<br />

a mesma expressão, optando por<br />

afirmar que “o que houve foi violação<br />

do segredo de Justiça”.<br />

Opontoaquechegouesta<br />

crispação levou a que os actores<br />

do sistema judicial sentissem necessidade<br />

de intervir, numa con-<br />

Vera Jardim<br />

Deputado do PS<br />

Vera Jardim considera que a<br />

situação da justiça “só se<br />

agrava” ao “misturar política<br />

com justiça”. Algo que,<br />

segundo o deputado socialista,<br />

“deve ser evitado a todo o<br />

custo”. Mas, perante as<br />

acusações da oposição, o PS<br />

faz ”bem em responder”.<br />

José Miguel<br />

Júdice<br />

Ex-bastonário dos<br />

advogados<br />

José Miguel Júdice, aponta<br />

o dedo aos políticos, jornalistas<br />

e operadores da justiça, que<br />

considera responsáveis por<br />

este cenário. “Toda a gente<br />

está a abusar da justiça. Isto<br />

é de uma gravidade extrema,<br />

é devastador para um país<br />

com sentido de Estado”.<br />

Medina Carreira<br />

Ex-ministro das<br />

Finanças<br />

“É tudo uma vergonha.<br />

Enquanto se perde tempo com<br />

isso, não se trata do que é<br />

essencial”, defende o exministro<br />

das Finanças de<br />

Cavaco Silva, Medina Carreira,<br />

para quem “os políticos estão a<br />

alijar as responsabilidades que<br />

têm no estado da justiça”.<br />

ferência de imprensa do Conselho<br />

Superior da Magistratura que, porém,<br />

se revelou pouco esclarecedora.<br />

Entre os altos cargos da justiça<br />

tem havido um pingue-ponguedeargumentossobreoparadeiroeodestinodasescutas.No<br />

Parlamento, as opiniões também<br />

se dividem sobre esta questão.<br />

Ainda ontem, José Pedro Aguiar<br />

Branco insistiu, em entrevista ao<br />

Diário <strong>Económico</strong>, que Sócrates<br />

deve divulgar o conteúdo das escutas,<br />

justificando que, ao não o<br />

fazer, o primeiro-ministro “corre<br />

o risco de colocar sob suspeita o<br />

desempenho do cargo”. Perante<br />

essa sugestão, repetida por Ferreira<br />

Leite no Parlamento, Sócrates<br />

insurgiu-se: “Um democrata<br />

nunca exige que uma conversa<br />

privada seja publicada”.<br />

Do lado da bancada socialista,<br />

Vera Jardim critica que se levem<br />

casos de justiça para a casa da democracia,<br />

mas – perante o facto<br />

consumado – considera a defesa<br />

dos socialistas mais do que justificada:<br />

“O PS faz bem em responder,<br />

porque este tipo de actuação<br />

só afecta ainda mais as instituições<br />

e o Estado de Direito”.<br />

Para quem está do lado de fora<br />

do debate político, a utilização da<br />

justiça como arma de arremesso<br />

pelos partidos é, em todos os aspectos,<br />

condenável. “É tudo uma<br />

vergonha. Enquanto se perde tempo<br />

com isso, não se trata do que é<br />

essencial”, defende o ex-ministro<br />

das Finanças de Cavaco Silva,<br />

Henrique Medina Carreira, para<br />

quem “os políticos estão a alijar as<br />

responsabilidades que têm, no estado<br />

da justiça”. José Manuel Galvão<br />

Teles, advogado e ex-conselheiro<br />

de Estado, também vê com<br />

apreensão a forma como a política<br />

tem usado a política, uma situação<br />

que a manter-se “será o fim” (ver<br />

entrevista no Outlook). Já o exbastonário<br />

dos Advogados, José<br />

Miguel Júdice, aponta o dedo aos<br />

políticos, jornalistas e operadores<br />

da justiça, que considera responsáveis<br />

por este cenário. “Toda a<br />

gente está a abusar da justiça. Isto<br />

é de uma gravidade extrema, é<br />

devastador para um país com<br />

sentido de Estado”. ■Com M.G.<br />

O INCIDENTE<br />

A indignação de Paulo<br />

Portas e o “juizinho”<br />

de José Sócrates<br />

O debate quinzenal não aqueceu<br />

apenas quando se falou de<br />

justiça. Entre Sócrates e Paulo<br />

Portas a discussão também foi<br />

acesa. O primeiro-ministro<br />

censurou o que considerou ser<br />

um comportamento impróprio”<br />

do líder do CDS-PP, pedindo<br />

“juizinho” a Paulo Portas, o que<br />

motivou a indignação da bancada<br />

dos populares. A partir daí, a<br />

troca de palavras não baixou de<br />

tom. O primeiro-ministro já tinha<br />

manifestado irritação com os<br />

apartes do líder do CDS-PP<br />

durante a sua intervenção em<br />

resposta à bancada do PS,<br />

criticando o “histerismo” da<br />

bancada do CDS. Na sua bancada,<br />

Portas insistia para que José<br />

Sócrates respondesse a<br />

quanto custou a nacionalização<br />

do BPN, uma pergunta sua que<br />

tinha ficado sem resposta.

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