Weekend 1195 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico
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38 <strong>Económico</strong> — <strong>Weekend</strong> Sábado 5 Dezembro 2009<br />
EMPRESAS<br />
O presidente<br />
da Associação<br />
Nacional<br />
de Farmácias,<br />
João Cordeiro.<br />
Concorrência questiona controlo da<br />
Glintt pela Associação de Farmácias<br />
Queixas levaram Autoridade da Concorrência a obrigar a Farminvest a notificar a operação de fusão.<br />
Hermínia Saraiva<br />
herminia.saraiva@economico.pt<br />
Ano e meio depois de concretizada,<br />
a fusão da Consiste – da<br />
Associação Nacional de Farmácias<br />
– com a Pararede pode voltar<br />
à estaca zero. “Uma queixa<br />
de terceiros” levou a Autoridade<br />
da Concorrência (AdC) a obrigar<br />
à notificação oficiosa da operação,<br />
deixando o futuro da empresa<br />
em aberto.<br />
A notificação oficiosa, confirmada<br />
ontem no site da AdC,<br />
surge depois de, ao que o <strong>Económico</strong><br />
apurou, o regulador ter<br />
recebido queixas que chamaram<br />
a atenção para a operação. Contactada<br />
pelo <strong>Económico</strong>, a AdC<br />
recusou comentar esta situação.<br />
Agora, a operação de concentração<br />
segue os trâmites<br />
normais podendo ter um de três<br />
desfechos: a Concorrência<br />
aprova a fusão, aprova mas impôe<br />
remédios ou chumba a operação.<br />
“Num cenário teórico, a<br />
AdC pode ordenar a anulação da<br />
fusão, o que obrigaria a repor a<br />
situação inicial e levar à nulida-<br />
de de todos os actos jurídicos<br />
realizados pela nova empresa”,<br />
diz um advogado especialista<br />
em concorrência contactado<br />
pelo <strong>Económico</strong>.<br />
A Lei da Concorrência diz<br />
que devem ser notificadas à AdC<br />
todas as operações que criem ou<br />
reforcem uma posição de mercado<br />
superior a 30% ou, em al-<br />
A Glint, presidida<br />
por Fernando Costa<br />
Freire, tem como<br />
principal accionista<br />
a Farminveste,<br />
holding que<br />
concentra as<br />
participações<br />
empresarias da<br />
ANF.<br />
ternativa, as operações em que o<br />
volume de negócios conjunto,<br />
realizado no mercado nacional,<br />
de duas das empresas envolvidas<br />
seja superior a 150 milhões<br />
de euros. A Associação Nacional<br />
de Farmácias, que controlava a<br />
Consiste, e a Pararede terão<br />
considerado que nenhum destes<br />
critérios era aplicável.<br />
“Provavelmente as empresas<br />
estariam convencidas que não<br />
precisariam de fazer a notificação”,<br />
diz Pedro Pitta Barros,<br />
professor universitário. Além de<br />
que, acrescenta este especialista<br />
em matérias de concorrência,<br />
“são relativamente raros os casos<br />
em que não há notificação.<br />
As empresas preferem errar ao<br />
notificar uma operação que não<br />
o exigia do que falhar a notificação<br />
e ser sujeitas às consequências”.<br />
Além de ver a fusão posta<br />
em causa, a Glintt pode ainda<br />
ser obrigada a, de acordo com a<br />
lei da Concorrência, pagar à<br />
Adcumamultade1%dovolume<br />
de negócios de 2008 – 4,2<br />
milhões de euros.<br />
As acções da Glintt foram<br />
ontem suspensas na Euronext<br />
Lisboa, depois da AdC ter publicado<br />
um anúncio em que dava a<br />
conhecer o facto da Farminveste<br />
ter notificado o regulador sobre<br />
a “aquisição do controlo exclusivo<br />
sobre a Glintt”. A Comissão<br />
de Mercado de Valores<br />
Mobiliários decidiu então suspender<br />
as acções até que a Glintt<br />
esclarecesse o mercado, apesar<br />
da empresa ter já informado a 10<br />
de Novembro que a AdC tinha<br />
solicitado à Farminvest que<br />
procedesse “à notificação da<br />
operação de fusão da Consiste<br />
na Pararede, por entender que<br />
essa notificação é obrigatória”.<br />
A Glintt é o resultado da fusão<br />
da Pararede com a Consiste,<br />
empresa que era controlada esclusivamente<br />
pela Farminveste,<br />
holdingqueconcentraegereas<br />
participações do universo empresarial<br />
da Associação Nacional<br />
de Farmácias. Depois da fusão<br />
e de um aumento de capital<br />
concretizado por via da emissão<br />
de acções, a Farminveste passou<br />
a deter, 49,8% do capital da<br />
nova empresa. ■<br />
ACCIONISTAS<br />
Paulo Figueiredo<br />
A Farminvest da ANF controla<br />
a maioria do capital da Glintt.<br />
Empresa % de Capital<br />
Farminveste 49,83<br />
José Ribeiro Gomes 2,98<br />
UBS 2,05<br />
BPI 2,03<br />
Free float<br />
Fonte: Glintt<br />
43,11