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Weekend 1195 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico

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14 | Outlook | Sábado, 5.12.2009<br />

A MINHA ECONOMIA<br />

Sobre o jogo de poderes<br />

que se vai desenhando<br />

na União Europeia<br />

depois do Tratado<br />

de Lisboa, Fernando<br />

Pacheco tira as medidas<br />

à estratégia francesa.<br />

Quanto a Tim Harford,<br />

volta a aplicar os<br />

princípios da teoria<br />

económica à vida<br />

detodososdias<br />

e assume a difícil tarefa<br />

de ser conselheiro<br />

profissional e amoroso<br />

em apenas vinte linhas<br />

Tim Harford<br />

Querido<br />

Economista<br />

Tenho 32 anos, sou americana e mudei-me há<br />

cerca de cinco anos para Itália, tendo pouco<br />

depois iniciado um mestrado numa<br />

universidade italiana. A média da minha<br />

licenciatura em ciência política era baixa, pelo<br />

que não tinha muito a perder. E tenho agora<br />

dois problemas. O primeiro é namorar. A Itália é<br />

o segundo país com a população mais<br />

envelhecida do mundo. Encontrar um trintão<br />

solteiro é tão difícil como encontrar um<br />

unicórnio. E se eliminar os homens que ainda<br />

vivem com as mães, os fumadores intensivos ou<br />

os homens mais baixos do que eu, então é como<br />

se estivesse num convento.<br />

Em segundo lugar, a universidade italiana que<br />

frequento decidiu voltar atrás na decisão de<br />

aceitar a minha licenciatura americana. Vejo-<br />

-me assim obrigada a frequentar algumas<br />

cadeiras para tirar uma licenciatura italiana,<br />

algo que pode demorar mais um ano.<br />

Detestaria ter que recusar essa possibilidade e<br />

estudar mais um ano, mas será que vou<br />

conseguir aguentar mais doze meses a comer<br />

massa neste estado de celibato forçado?<br />

O meu plano é ir para São Francisco quando<br />

regressar, isto apesar de ter a possibilidade de<br />

ter um emprego semi-permanente no meio de<br />

nenhures. Também posso ficar em Itália; mas se<br />

continuar mais um ano solteira vou morrer<br />

sozinha como diz a minha mãe. E aqui estou eu<br />

a chorar par cima do meu cappuccino<br />

Cara Choramingas,<br />

Parece empenhada em permanecer num país<br />

cuja comida, burocracia e ambiente de namoro<br />

não parece ser o mais indicado para si. A sua<br />

avaliação da situação está ofuscada pela falácia<br />

do custo perdido: estava à espera de tirar um<br />

mestrado, de boa comida e de um romance<br />

italiano. As coisas não funcionaram e acabou<br />

por perder cinco anos da sua vida. Errar é<br />

humano e pode dar-se ao luxo de perder mais<br />

um ano, mas acho que está a cometer um<br />

grande erro. Volte para casa.<br />

Quanto à sua carreira, esqueça o dinheiro: as<br />

obras literárias que se centram na felicidade<br />

sugerem que ter uma relação feliz e um<br />

emprego seguro são muito mais importantes.<br />

São Francisco não é muito famoso pelo seu<br />

excesso de solteirões heterossexuais, mas as<br />

condições demográficas no meio de nenhures<br />

são excelentes e o que não falta aí são<br />

solteirões casadoiros. Tem toda uma nova vida<br />

à sua espera.<br />

Exclusivo Financial Times<br />

Tradução de Carlos Tomé Sousa<br />

Fernando Pacheco<br />

Os jogos<br />

que algumas<br />

pessoas jogam<br />

O Presidente da Comissão Europeia José Manuel<br />

Barroso escolheu para Comissário do Mercado<br />

Interno, com a tutela dos serviços financeiros, o<br />

senhor Michel Barnier. Nada de especial, poder-<br />

-se-ia pensar, não fora o Presidente Francês<br />

partir daqui para concluir que o Reino Unido foi<br />

o grande perdedor na distribuição dos postos em<br />

Bruxelas. Talvez sim, talvez não, dizem outros,<br />

pois o mesmo Reino Unido tem a cargo a<br />

diplomacia da Europa, através da Senhora<br />

Ashton, a mesma que outros dizem que não tem<br />

nem a experiência nem o peso político indicados<br />

para o lugar.<br />

Para não simplificar as coisas, o senhor Sarkozy<br />

é partidário de uma regulação apertada do<br />

sector financeiro europeu, com o objectivo<br />

declarado de prevenir crises como a que<br />

atravessámos ou atravessamos. Acresce que, de<br />

acordo com a decisão dos ministros das<br />

Finanças dos vinte e sete do passado dia 2, no<br />

próximo ano vai ser instituída a Autoridade<br />

Europeia de Supervisão dos Riscos Sistémicos e<br />

três autoridades europeias de controlo para as<br />

Bolsas, os Bancos e o sector dos Seguros. Reino<br />

Unido e França enfrentaram-se muitas vezes<br />

nos últimos tempos sobre as regras e as<br />

competências destas novas autoridades, pois a<br />

City londrina vê-as como um risco sobre o<br />

futurodaquelaqueéaprincipalpraçafinanceira<br />

europeia. Não ajuda a serenar os ânimos o<br />

mesmo senhor Sarkozy ter declarado que “são<br />

as ideias francesas de regulação que triunfam na<br />

Europa.”<br />

Para já, o senhor Barnier recusa-se a nomear<br />

um conselheiro financeiro para o seu gabinete<br />

favorável à posição britânica, ao que estes<br />

últimos estão a responder pressionando a<br />

senhora Ashton a não escolher nenhum francês<br />

para o seu gabinete. Aguardam-se as cenas dos<br />

próximos capítulos.<br />

Um velho problema de Teoria dos Jogos explica<br />

como duas pessoas podem controlar um<br />

Conselho de Administração de nove membros.<br />

Sendo as decisões tomadas por maioria<br />

simples, basta que um destes chame quatro e<br />

lhes explique que se, no dia anterior à reunião<br />

do Conselho, eles cinco se reunirem e<br />

tomarem, por maioria, uma posição comum<br />

sobre os assuntos a ser discutidos no dia<br />

seguinte, os cinco ganham qualquer votação<br />

entre nove eéseguramentemelhorpara<br />

qualquer um decidir entre cinco do que entre<br />

nove. Depois do acordo de todos, é só chamar à<br />

parte dois destes cinco e propor-lhes reunirem<br />

os três na véspera de reunirem os cinco para<br />

fazerem o mesmo; três ganham entre cinco,<br />

que ganham entre nove. Finalmente, é chamar<br />

à parte um destes dois e propor-lhe reunirem<br />

os dois na véspera de reunirem os três. Nos<br />

próximos dias vamos saber se o presidente<br />

francês fez o trabalho de casa.<br />

Administrador da Iberdrola

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