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24 Económico — Weekend Sábado 5 Dezembro 2009
POLÍTICA
Caso assim o entenda,
Armando Vara poderá
regressar ao exercício
de funções no BCP.
Banco de Portugal abre a porta
a regresso de Vara ao BCP
Vitor Constâncio esclareceu, em comunicado, que processo de averiguações foi encerrado.
Maria Teixeira Alves e
Francisco Teixeira
maria.alves@economico.pt
O Banco de Portugal suspendeu
as averiguações a Armando
Vara no âmbito do envolvimento
do administrador do
BCP, no processo “Face Oculta”.
Num comunicado enviado
ontem o regulador diz que “o
conhecimento disponível da
situação confirma que os factos
alegadamente atribuídos
ao Dr. Armando Vara não se
referem à sua actividade bancária,
pelo que o Banco de
Portugalseviuforçadoasuspender
as averiguações”.
Constâncio tinha anunciado
que iria abrir averiguações, depois
de o administrador do maior
banco privado português ter sido
constituído arguido pelo Ministério
Público. Mas ontem em comunicado,
o Banco de Portugal
anunciou que suspendeu as averiguações
preliminares à situação
Vítor Constâncio
suspendeu as
averiguações por
o “conhecimento
disponível
da situação” indicar
que os factos
atribuídos a Vara
não resultam da sua
actividade bancária.
de Armando Vara, depois de ter
solicitado informações ao Ministério
Público “que pudessem ser
relevantes para a apreciação do
caso”. O comunicado revela que
“foi, porém, o Banco informado
que, em virtude do processo se
encontrar em segredo de justiça,
não era possível o envio de quaisquer
informações”. Daí decorre
que o Banco de Portugal na impossibilidade
averiguar, e como
“os factos alegadamente atribuídos
ao Dr. Armando Vara não se
referem à sua actividade bancária”
decidiu suspender a averiguações,
dada “a ausência de
competência legal para o fazer”.
Apesar disso, não deixou de
realçar que continuava em estreito
contacto com os órgãos de
gestão do BCP.
A situação de Vara, desde que
pediu a suspensão de funções,
evoluiu tendo ficado indiciado por
um crime de tráfico de influências,
não se confirmando as suspeitas de
corrupção. Ainda assim, teve de
pagar uma caução de 25 mil euros.
Após essa decisão, Vara, que
continua quadro do BCP, embora
esteja suspenso das suas funções,
não afastou a possibilidade de levantar
a sua suspensão, aguardando
para isso um sinal da administração
do banco. “Tenho de
ver isso com a equipa dirigente
do BCP, compreenderão que não é
o momento de falar ainda”, disse
publicamente. Mas as razões que
levaram Vara a pedir a suspensão
prendem-se com a imagem do
banco, que estava a ser afectada
pelo seu envolvimento no processo
“Face Oculta”. Como esse
envolvimento se mantém poderá
manter-se a suspensão até que a
justiça tenha conclusões. O banco
considera que a decisão cabe a
Vara,umavezqueasuspensãofoi
iniciativa sua.
No entanto, há no BCP quem
defenda o seu regresso imediato,
nomeadamente Joe Berardo,
presidentedoConselhodeRemunerações.
■
VARA À SAÍDA DO TRIBUNAL
“Não me sinto
derrotado, sinto-me
frustado. Eu
não desistirei
enquanto não ficar
completamente
provada a minha
inocência”.
“Pode dizer-se
que o pesadelo
não acabou,
lamentavelmente
continua”.
“Não havendo provas
foi tudo inventado.
Isto para mim é
clarinho como água”.
“Eu tenho de ver isso
agora [regresso ao
BCP] com a equipa
dirigente do BCP”.
CASO FACE OCULTA
Paula Nunes
29 Outubro
O nome de Armando Vara
aparece pela primeira vez como
um dos 12 arguidos na operação
Face Oculta.
3 Novembro
O Millennium BCP informa
a Comissão de Mercado
de Valores Mobiliário que recebeu
de Armando Vara um pedido
de suspensão do mandato como
vice presidente e membro
do Conselho de Administração
Executivo do banco.
2 Dezembro
O Tribunal de Aveiro aplicou
a Armando Vara uma caução
de 25 mil euros e a proibição
de falar com alguns arguidos
do processo.