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10 Económico — Weekend Sábado 5 Dezembro 2009 ECONOMIA Dólar sobe, empresas tremem e famílias sorriem... no Natal Numa altura em que cresce o frenesim em torno das compras do Natal, os consumidores têm no dólar um grande aliado. Luís Reis Pires luis.pires@economico.pt Eles falam, falam, falam, até fazem, mas não conseguem nada. Desde os governadores dos bancos centrais aos líderes políticos mundiais, já se perdeu a conta à quantidade de avisos sobre o perigo que acarreta a actual depreciação do dólar. O resultado temsidonuloeamoedanorteamericana teima em bater mínimos históricos. OBancoCentraldaChinaéo único a agir em vez de falar. Mas esse mais valia estar quieto – dizem os norte-americanos, gritam os europeus – porque só intervém para manter o iuan desvalorizado, beneficiando assim as exportações chinesas. E quando isso acontece, diz Marco Annunziata, economista-chefe do Unicredit e conselheiro da Comissão Europeia, “as outras economias asiáticas tendem a fazer o mesmo, para não perderem competitividade nas exportações”. Resultado: a economia europeia sai prejudicada porque vê os seus produtos ficarem mais caros. Mas se a valorização do euro é uma má notícia para as empresas europeias exportadoras, é uma excelente oportunidade para os consumidores, que encontram agora uma panóplia de bens e serviços a preços de saldo (ver texto ao lado). As fragilidades reveladas pela economia dos Estados Unidos durante a crise levaram os investidores a travar o assédio à moeda que outrora consideraram intocável. E se a opção da Reserva Federal (Fed) em tornar o acesso ao dólar praticamente sem custos (com juros próximos EURO FACE AO DÓLAR 1,49 A moeda única europeia vale já quase 1,5 dólares. A divisa norteamericana continua em queda, apesar de ter recuperado um pouco nos últimos dias. Jean-Claude Trichet Governador do BCE O governador do BCE já abordou a questão mais do que uma vez, mas sempre de forma muito delicada: “Confio na sinceridade das autoridades norte-americanas” [quando se mostram preocupadas com a quebra do dólar]. EURO FACE À LIBRA 0,90 A moeda britânica também tem vindo a perder força e não está muito longe da paridade. No entanto, a libra esterlina continua a valer mais do que a moeda europeia. de zero) ajudou o sistema financeiro, prejudicou, por outro lado, a força da moeda. A desconfiança face ao dólar agravou-se ainda mais com os desequilíbrios nas contas públicas nooutroladodoAtlântico-o défice deverá superar os 10% do PIBesteano. Tudo somado, o dólar não resistiu e começou a cair de forma abrupta face às principais divisas mundiais, sobretudo o euro e o iene. A moeda norte-americana chegou a ser negociada abaixo dos 50 cêntimos de euro, atingindo mínimos históricos. Entretanto já recuperou um pouco e, neste momento, o dólar vale cercade0,67cêntimosdeeuros. Depreciação do dólar ameaça retoma da Europa A OCDE avisou recentemente, no Economic Outlook de Outono, que caso se mantenha a tendência da desvalorização do dólar, a retoma mundial e, sobretudo, da Europa, pode vir a ser ameaçada. “Se o dólar cai mais, aretomaeuropeiaficamuito ameaçada”, corrobora Marco Annunziata porque “a recuperação da Europa está a fazer-se muito pelo comércio externo”. Nesse sentido, Portugal até está um pouco mais protegido, lembra o economista, porque tem grande parte dos seus mercados no Velho Continente. “Mas se a recuperação das economias europeias colapsar, as encomendasdaEuropaaPortugalvãode arrasto”, avisa o economista. A situação preocupa e, em Portugal, José Sócrates já se mostrou apreensivo com o impacto da queda do dólar nas exportações portuguesas. ■ EURO FACE AO IUAN 10,13 A China continua a manter o iuan depreciado por causa das exportações. E a Europa está a sofrer com isso: o euro vale já dez vezes mais que o iuan.
Espanhóis desistem de procurar emprego O Banco de Espanha destacou ontem, no seu boletim económico de Novembro, que ao longo deste ano se agravou a passagem de pessoas para uma situação de inactividade. Pela primeira vez nos últimos anos, a população activa sofreu uma redução, que se prolonga já por três trimestres. Segundo a instituição, esta tendência explica-se pelo “efeito de desânimo” entre os desempregados, que desistem de procurar emprego.EmPortugal,atendênciaéamesma. Sábado 5 Dezembro 2009 Weekend — Económico 11 Este Natal, vá às compras na Quinta Avenida! Oazardeunséasortede outros. O dólar fraco pode comprometer as exportações das empresas, mas também pode ajudar na poupança das famílias. O Natal em época de crise não precisa de ser um Natal com menos presentes, basta saber onde comprar. Neste caso, com a desvalorização da moeda norte-americana, a solução é Uma camisa Hugo Boss custa cerca de 64 euros (95$). Há um ano, valia cercade74euros. Iphone 3GS 32GB Estados Unidos (Amazon): 201,6 euros (299$) Portugal (Fnac): 999 euros Lost - season 5 Estados Unidos (Amazon): 25 euros (36,99$) Portugal (Fnac): 49,99 euros ir às compras aos Estados Unidos. E nem é preciso dar umsaltinhoàterradoTio Sam, que aí a coisa talvez já não compense. Basta fazer usodaInterneteiraum qualquer site com domínio “.com”. Produtos informáticos, telemóveis, séries e filmes são produtos que saem muito mais baratos quando comprados em lojas Um par de sapatos da Tommy Hilfiger custa cerca de 54 euros (79,99$). Há um ano, valia 63 euros. Playstation 3 120GB Estados Unidos (Amazon): 202,2 euros (299,99$) Portugal (Fnac): 299,99euros The Beatles stereo box set Estados Unidos (Amazon): 118,4 euros 175,49$ Portugal (Fnac): 229,95 euros americanas, não só a custa da desvalorização da moeda americana, mas porque, já de si, são mais baratos no outro lado do Atlântico. E mesmo os artigos de vestuários saem mais baratos quando comprados nos Estados Unidos. O dólar tem de subir para ajudar a economia nacional. Mas, já agora, pode ser só em Janeiro? Um vestido Ralph Lauren para bébé custa cerca de 30 euros (45$). Há um ano, custava cerca de 35 euros. Ipod nano 5ª geração 8GB Estados Unidos (Amazon): 91 euros (134,99$) Portugal (Fnac): 139 euros Mario Tama/GettyImages Apple MacBook Pro 13” 2,26GHz Estados Unidos (Amazon): 1.058 euros (1,569$) Portugal (Fnac): 1.149 euros
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