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Weekend 1195 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico

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34 <strong>Económico</strong> — <strong>Weekend</strong> Sábado 5 Dezembro 2009<br />

EMPRESAS<br />

Finanças pressionam<br />

accionistas para encontrar<br />

solução estável na Cimpor<br />

Há uma nova relação de forças na cimenteira. Em representação da Bipadosa, Bayão<br />

Horta é o novo homem-forte da empresa, com o apoio de Manuel Fino e da Lafarge.<br />

Nuno Miguel Silva<br />

nuno.silva@economico.pt<br />

O Ministério das Finanças está a<br />

desenvolver diversas iniciativas<br />

discretas com o objectivo de apaziguar<br />

o clima de guerrilha interna<br />

que tem lavrado no conselho<br />

de administração da Cimpor. O<br />

Diário <strong>Económico</strong> apurou junto<br />

de várias fontes conhecedoras do<br />

processo que o ministro Teixeira<br />

dos Santos tem confidenciado aos<br />

colaboradores mais próximos que<br />

segue com “muita preocupação”<br />

as movimentações em torno da<br />

estrutura accionista e da composição<br />

da comissão executiva, órgão<br />

máximo de gestão da Cimpor.<br />

Além de ser a maior empresa<br />

industrialportuguesaeamaior<br />

multinacional do País, a Cimpor é<br />

detida indirectamente pelo Estado,<br />

através da Caixa Geral de Depósitos,<br />

com uma posição equivalente<br />

a 10% do respectivo capital<br />

social. E é maioritariamente<br />

por esse canal que as angústias do<br />

Ministério das Finanças face ao<br />

futurodacimenteiraestãoaser<br />

direccionadas.<br />

O Diário <strong>Económico</strong> apurou<br />

que nos últimos conselhos de administração<br />

o ambiente tem sido<br />

bastante frio entre os diversos<br />

membros, tendo mesmo alguns<br />

administradores deixado de comunicar<br />

entre si. Uma situação<br />

que veio em crescendo desde que<br />

a Teixeira Duarte (TD) denunciou<br />

oacordoparaqueaCimporconseguisse<br />

vender a posição na empresa<br />

detida em comum, a C+PA.<br />

Ricardo Bayão Horta, o ‘chairman’<br />

da Cimpor, decidiu cortar<br />

com uma relação de forte amizade<br />

pessoal com Pedro Maria Teixeira<br />

Duarte e de aliança estratégica<br />

duradora com a construtora,<br />

principal accionista da cimenteira.<br />

E o equilíbrio de forças na<br />

Cimpor mais uma vez mudou.<br />

O efeito mais directo dessa alteração<br />

de relações de poder foi a<br />

eleição, no conselho de administração<br />

de quinta-feira, de Ricardo<br />

Bayão Horta, para presidente da<br />

comissão executiva (CEO). A favor<br />

votaram a Bipadosa, de que o<br />

CIMPOR A DESVALORIZAR<br />

As acções da Cimpor<br />

encerraram a sessão de ontem<br />

aperder0,88%para5,059<br />

euros por acção.<br />

5,5<br />

5,4<br />

5,3<br />

5,2<br />

5,1<br />

5,0<br />

04-11-2009<br />

Fonte: Bloomberg.<br />

Teixeira dos<br />

Santos, ministro<br />

das Finanças,<br />

não tem tutela<br />

directa sobre<br />

a Cimpor, mas<br />

a instabilidade<br />

na administração<br />

está a causar-lhe<br />

preocupações.<br />

Ricardo Bayão<br />

Horta, acumula<br />

desde a passada<br />

quinta-feira<br />

ocargo<br />

de ‘chairman’ com<br />

o de presidente<br />

da comissão<br />

executiva<br />

da Cimpor.<br />

04-12-2009<br />

novo homem-forte da Cimpor é<br />

representante, além do bloco formado<br />

pela Investifino, de Manuel<br />

Fino, e pelos franceses da Lafarge,<br />

maior grupo cimenteiro mundial.<br />

Teixeira Duarte perde peso<br />

Esta aliança já perdura desde a assembleia-geral<br />

da Cimpor de 13<br />

de Maio, em que estes dois accionistas<br />

fizeram frente a Pedro MariaTeixeiraDuarte,massóagora<br />

conseguiram nomear um CEO independente<br />

da construtora porque<br />

Ricardo Bayão Horta decidiu<br />

mudar de campo.<br />

Desde essa assembleia-geral<br />

que Pedro Maria tem perdido peso<br />

nas decisões da Cimpor. Deixou<br />

de ser o CEO, integrou apenas a<br />

comissão executiva como vogal,<br />

embora tenha conseguido colocar<br />

Jorge Salavessa Moura no cargo.<br />

No final de Agosto, aparentemente<br />

descontente com as decisões de<br />

gestão na comissão executiva,<br />

abandona este órgão, abrindo<br />

mais uma brecha, que foi de imediato<br />

aproveitada pelos opositores<br />

àsuaestratégia.Agora,comasaída<br />

de Salavessa Moura de CEO e<br />

da comissão executiva, e com a<br />

nova aliança entre a Bipadosa, a<br />

LafargeeaInvestifino,parecejá<br />

mandar muito pouco na Cimpor,<br />

apesar de ser o maior accionista,<br />

com uma posição de 22%.<br />

AC+PAfoiagotadeáguaque<br />

provocou mais esta batalha entre<br />

os diversos blocos accionistas representados<br />

na equipa gestora da<br />

Cimpor. Os administradores não<br />

afectos à TD foram apanhados de<br />

surpresa quando, em Julho, Pedro<br />

Maria denunciou o entendimento<br />

para que a cimenteira alienasse os<br />

seus 48% na empresa. Fino, Lafarge,<br />

Berardo e outros accionistas<br />

sempre criticaram o facto de a<br />

Cimpor ter sido arrastada para<br />

esta “aventura”, que implicou investimentos<br />

em unidades industriais<br />

concorrentes da Cimpor em<br />

mercados como a Namíbia ou a<br />

Ucrânia, além de ter provocado<br />

graves prejuízos financeiros, devido<br />

à queda das acções que a<br />

C+PA tem no BCP. É um assunto<br />

que continua por resolver. ■<br />

OS PONTOS DA DISCÓRDIA<br />

● Manuel Fino, a Lafarge<br />

e outros gestores e accionistas<br />

revoltaram-se contra o facto<br />

de a Cimpor estar a servir<br />

maioritariamente a estratégia<br />

da Teixeira Duarte.<br />

● A oposição a Pedro Maria<br />

Teixeira Duarte obrigou-o<br />

a abandonar o cargo de<br />

presidente da comissão executiva<br />

da Cimpor, na assembleia-geral<br />

de 13 de Maio passado, em nome<br />

de uma gestão mais profissional<br />

e independente na cimenteira.<br />

● Jorge Salavessa Moura foi<br />

a solução de consenso entre os<br />

diversos blocos accionistas para<br />

ocupar o cargo de CEO. Já depois<br />

de Pedro Maria ter abandonado<br />

a comissão executiva da Cimpor,<br />

em final de Agosto, vários blocos<br />

accionistas consideraram<br />

que a sua gestão não era<br />

suficientemente independente<br />

em relação à construtora.<br />

Foi substituído por Bayão Horta<br />

e regressou ao cargo de vogal<br />

do conselho de administração.<br />

Pedro Maria Teixeira Duarte<br />

está a perder poder no conselho<br />

de administração da Cimpor.<br />

Três meses<br />

Nuno Miguel Silva<br />

nuno.silva@economico.pt<br />

A Caixa Geral de Depósitos saiu<br />

novamente derrotada na batalha<br />

que esta semana se desenrolou<br />

nos comandos da Cimpor. Jorge<br />

Tomé, nomeado para a administração<br />

da cimenteira pelo banco<br />

estatal, votou contra a nomeação<br />

de Ricardo Bayão Horta como<br />

presidente da comissão executiva<br />

da empresa, tendo ficado ao lado<br />

da construtora Teixeira Duarte<br />

neste mais recente contar de espingardas<br />

na Cimpor.<br />

Mas, esta sintonia de posições<br />

é apenas aparente. Porque a CGD<br />

quer tentar uma solução de consensoeporquetambémdefende<br />

uma gestão independente o mais<br />

profissionalizada possível, evi-

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