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Weekend 1195 : Plano 56 : 1 : P.gina 1 - Económico

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Outlook | Sábado, 5.12.2009 | 37<br />

uma nação muito especial, que deve a sua<br />

independência e neutralidade a ser um dos<br />

países mais militarizados do mundo”. Também<br />

por isso, “levam a sério as suas instituições,<br />

costumes e leis. Mantiveram formas<br />

dedemocraciasemi-directaatémuitotarde<br />

e o referendo é um instrumento de consulta<br />

popular a que recorrem sem grandes dramas.”<br />

E nós, portugueses? “Não temos essa<br />

tradição. Talvez porque as minorias político-culturais<br />

que arbitram os destinos dos<br />

outros receiam a reacção popular à imposição<br />

do politica ou culturalmente correcto.”<br />

CASAMENTO GAY, SIM OU NÃO?<br />

O PS já disse mil vezes que não. Não haverá<br />

referendo ao casamento civil entre pessoas<br />

do mesmo sexo. Mas o CDS-PP, um<br />

dos maiores defensores da ideia, parece<br />

não ouvir. E insiste: “O tema ainda não foi<br />

suficientemente debatido.” Esta semana,<br />

em declarações ao Jornal de Notícias, José<br />

Ribeiro e Castro, um dos mandatários da<br />

Plataforma Cidadania e Casamento, afirmou<br />

que este movimento precisa de 75 mil<br />

assinaturas para que se realize o referendo.<br />

“Estamos a recolher assinaturas em todos<br />

os locais e através de todos os meios que temos<br />

ao nosso dispor”, afirmou. Segundo o<br />

jornal, em centenas de paróquias portuguesas<br />

os párocos estão a convidar, no fim<br />

da celebração da missa, os católicos a passar<br />

pela sacristia para assinar a Iniciativa<br />

Popular de Referendo.<br />

Valerá a pena? “Um referendo ao casamento<br />

civil entre pessoas do mesmo sexo é<br />

viável, porque os referendos são sempre<br />

viáveis. Mas esse referendo em concreto<br />

acho uma aberração”, diz Pedro Adão e<br />

Silva. O politólogo confirma: “Não temos a<br />

tradição de referendar e ainda bem. Habitualmente<br />

os referendos geram coligações<br />

negativas. E muitas vezes resultam em<br />

motivações contra. Além de que sabemos<br />

que não são particularmente mobilizadores.<br />

Aliás, mobilizam quem está muito interessado,<br />

ou seja, quem está nos extremos.<br />

E enviesam.”<br />

Nos estudos de opinião, diz, “os portugueses<br />

dizem sempre que querem referendos,masdepoisnãovotam”.Eisto“acontece<br />

sobretudo nos referendos sobre costumes,<br />

sobre questões sociais”, como é o caso<br />

do referendo ao casamento gay. Mas há ainda<br />

outra questão, diz André Freire. “A protecção<br />

de direitos de grupos minoritários<br />

não deve ser submetida a sufrágio” e “neste<br />

caso em particular, os partidos à esquerda já<br />

apresentaram essa medida nos seus programas,<br />

portanto, o parlamento é soberano<br />

para legislar”. A verificar-se esta lógica,<br />

Portugal não terá o seu referendo tão cedo.<br />

Minaretes até pode ter, mas referendos?<br />

Não conte com eles.

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