59. Leiria-Fatima_ed_45.pdf - Diocese Leiria-Fátima
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Semana Nacional da Cáritas<br />
Solidari<strong>ed</strong>ade na primeira linha<br />
Por Ambrósio Santos<br />
. serviços e movimentos .<br />
Pode sempre questionar-se o alcance prático de um dia ou semana de uma qualquer<br />
causa, sabendo-se que muitos destes dias são de im<strong>ed</strong>iato submergidos uns<br />
pelos outros, não escapando, na maior parte, a uma indiferença comum. O facto de<br />
não ser mensurável o que fica, não diminui a importância de, ao menos uma vez em<br />
cada ano, levar ao espaço público a proposta de um humanismo novo, alicerçado na<br />
justiça e na solidari<strong>ed</strong>ade, capaz de interpelar consciências, desafiar indiferenças e<br />
suscitar comportamentos e práticas que exprimam o reconhecimento da igual dignidade<br />
de todos os seres humanos.<br />
Parecem princípios e valores teóricos; mas ganham gritante visibilidade nos rostos<br />
de centenas de milhões de homens e mulheres, em todo o mundo e também ao<br />
pé de nós, se nos dispusermos a alargar o olhar para lá da estreiteza dos interesses<br />
e horizontes pessoais. Acentuam-se as desigualdades, acumulam-se nas mãos de<br />
poucos a riqueza produzida e continua a reproduzir-se sem descontinuidade uma<br />
pobreza endémica, com as maiores vítimas entre as pessoas idosas, as crianças sem<br />
futuro, os desempregados, os imigrantes explorados, as pessoas afectadas por desequilíbrios<br />
do foro psíquico, as famílias monoparentais, quantos e quantas a subsistir<br />
em condições de extrema precari<strong>ed</strong>ade.<br />
Não custa reconhecer que os sucessivos dias da Cáritas contribuem também,<br />
à sua m<strong>ed</strong>ida, para o desenvolvimento da consciência individual e colectiva destes<br />
problemas, e despertam para a solicitude activa, para com este cada vez mais<br />
alongado cortejo de empobrecidos e marginalizados. Estimulam para sentimentos<br />
e práticas de humanização solidária e fazem muitas pessoas abrirem-se em gestos<br />
de entreajuda, e reconhecerem-se também, individualmente ou em associação com<br />
outros, como parte da solução dos problemas.<br />
As acções que a Cáritas preparou, entre 16 e 24 do mês de Fevereiro, respondem<br />
a necessidades concretas, seja das famílias, dos cidadãos em geral ou das pessoas<br />
mais fragilizadas; mas também propõem a todos o descentramento dos interesses<br />
pessoais, convidando a abrir o coração e o olhar às necessidades de outros.<br />
A Cáritas não se assume como central de distribuição de bens materiais nem<br />
como solução para todos os problemas humanos. Mas também não pode entender-se<br />
apenas como gabinete de estudos, para elaboração de estatísticas ou diagnósticos,<br />
e levantamento de necessidades, por importantes que sejam. Porque os pobres têm<br />
Vida Eclesial<br />
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