59. Leiria-Fatima_ed_45.pdf - Diocese Leiria-Fátima
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. história .<br />
Ribeiro e irmã do Dr. Carlos Barba Alardo, em cuja casa, ou seja, no solar da Quinta<br />
do Fidalgo, recebeu os últimos sacramentos e faleceu 16 .<br />
Uma outra capela batalhense, menos conhecida, era a do Menino Jesus ou Menino<br />
Deus. Era <strong>ed</strong>ifício anexo às casas do Capitão Agostinho António de Mendonça. A<br />
sua primeira mulher, D. Vicência Rosa da Mata, foi aí sepultada em 25 de Fevereiro<br />
de 1792. Deixou por suas herdeiras a D. Maria Rosa, sua prima, e a D. Vicência<br />
Clara, sua sobrinha 17 . Agostinho António de Mendonça casou, então, segunda vez,<br />
com D. Luísa do Amor Divino, da qual tivera três filhos, cuja legitimação impetrara<br />
junto de Sua Alteza Real.<br />
O Capitão Agostinho António de Mendonça não terá tido o melhor relacionamento<br />
com a sua primeira e legítima mulher, mas da leitura do seu testamento,<br />
com data de 11 de Janeiro de 1794, ressalta um grande enternecimento para com a<br />
segunda mulher e os filhos que com ela tivera. R<strong>ed</strong>igido com o auxílio do Pe. José<br />
Vieira Neto, coadjutor da vigararia, oferece um testemunho de original e elevada<br />
sensibilidade religiosa e espiritual. Nele determina querer ser enterrado, amortalhado<br />
no hábito de S. Domingos, “na minha Cappella intitulada do Menino Deos junto<br />
as cazas em que vivo” 18 . Foi efectivamente sepultado, em 31 de Agosto de 1796,<br />
“dentro da Cappella do Menino Jesus”, ficando por testamenteira sua filha mais<br />
velha, Luísa, como sua mãe, e principal auxiliadora do pai nos momentos de doença<br />
e achaques que sofria 19 .<br />
Pouco poderemos adiantar, de momento, sobre estes Mendonça, aparentemente<br />
de currículo militar, integrando a aristocracia batalhina em finais do Século XVIII.<br />
É possível que as “suas casas” sejam as do antigo solar que hoje se observa ao lado<br />
da igreja da Misericórdia, se bem que só novas e mais aprofundadas investigações o<br />
possam confirmar definitivamente.<br />
4 — A instituição de capelas, quer em forma e aparato arquitectónicos, quer<br />
como mero instituto pi<strong>ed</strong>oso, assumia, nessas centúrias da Época Moderna, tanto um<br />
manifesto de devoção espiritual, de crença e de fé, quanto se traduzia num acto de<br />
afirmação social 20 . Na Batalha como por toda a Europa católica tridentina e demais<br />
espaços imperiais afectos a Portugal ou a outros Estados 21 .<br />
Na cronologia dessas instituições verificamos, no caso batalhense que nos ocupa,<br />
tanto a tradição m<strong>ed</strong>ieva e pastoral crúzia (S. Bento da Cividade, Santo Antão,<br />
Santa Cruz), como também monárquica ou régia (Santa Maria da Vitória, orago do<br />
Mosteiro e da igreja de Santa Maria-a-Velha), quanto o florescimento das devoções<br />
novas próprias da experiência mendicante do fim da Idade Média (Bom Jesus da<br />
Golpilheira, Nossa Senhora do Ó de Bico-Sachos, Nossa Senhora da Conceição das<br />
Brancas, Santa Maria Madalena dos Olivais, Santo António da Rebolaria) ou de<br />
base sociológica mais moderna, nobiliárquica e laica - bem característica do Portugal<br />
dos Séculos XVII e XVIII e dos portugueses que se espalharam pelo império,<br />
com destaque para o Brasil, ao qual, como vimos, se encontravam ligadas famílias<br />
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