59. Leiria-Fatima_ed_45.pdf - Diocese Leiria-Fátima
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. teologia/pastoral .<br />
Graça Pereira, enfermeira chefe do CHNSC<br />
“Assistimos a verdadeiros milagres”<br />
A ciência evoluiu, a esperança de vida aumentou, a taxa<br />
de natalidade diminuiu, e a soci<strong>ed</strong>ade depara-se hoje com a<br />
incapacidade familiar de assistir duma forma contínua e capaz<br />
os seus progenitores.<br />
As Unidades de Cuidados Continuados (UCC) surgem<br />
precisamente com o objectivo de tratar e cuidar daqueles<br />
cujas capacidades estão diminuídas, quer pela velhice, quer<br />
por outras doenças que lhes possam ter retirado, temporariamente ou definitivamente, a<br />
capacidade de se cuidarem sem ajuda de outra pessoa. Importa salientar que na m<strong>ed</strong>icina,<br />
o grande objectivo é “tratar”, enquanto nos cuidados continuados a finalidade principal é<br />
“cuidar”, mesmo quando já é impossível “tratar”.<br />
O trabalho que fazemos nesta UCC do Centro Hospitalar Nossa Senhora da Conceição,<br />
integrada numa r<strong>ed</strong>e nacional, é sobretudo colaborar no dever da soci<strong>ed</strong>ade em<br />
apoiar no tratamento, na reabilitação ou manutenção da saúde, e garantir o bem-estar<br />
físico, psíquico e social a todos os doentes que aqui passam.<br />
Conscientes do sofrimento que envolve estes doentes e suas famílias, tentamos de<br />
uma forma digna e humana, em equipa multidisciplinar, recuperar as capacidades perdidas<br />
mesmo que já sejam pequenas. O nosso empenhamento, na m<strong>ed</strong>ida do possível, é<br />
devolver às pessoas o bem-estar, o alívio da dor e a sua recuperação.<br />
Embora ainda no início de uma caminhada de aperfeiçoamento na prestação de<br />
cuidados continuados, já fazem parte da história desta unidade algumas situações que<br />
ficarão para sempre na nossa memória e no nosso coração, quer pelo sucesso alcançado,<br />
quer pelas lições de vida que quase todos os doentes diariamente nos transmitem, pelo<br />
modo como enfrentam o seu contínuo sofrimento e pela coragem e alegria de viver que<br />
demonstram, tendo sempre esperança no amanhã.<br />
Lembro o exemplo de um doente que veio logo no início, tetraplégico após ter sofrido<br />
um tétano, sem capacidade para andar, para comer ou para falar, com poucas garantias<br />
de recuperação. A força que revelou, a esperança e a vontade de recuperar foi tão grande<br />
que, passados dois meses, saiu para sua casa a andar pelo próprio pé. Já nos visitou<br />
depois, cheio de alegria e grato pela experiência que aqui viveu. São estes verdadeiros<br />
“milagres”, de quem passa pelo calvário da dor e da doença e depois volta a conseguir ter<br />
uma vida nova, que nos dão alento para o trabalho que abraçamos diariamente. É essa a<br />
razão da “pequena” ajuda que lhes podemos oferecer.<br />
Reflexões<br />
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