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59. Leiria-Fatima_ed_45.pdf - Diocese Leiria-Fátima

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. teologia/pastoral .<br />

mandatou para a cultivar e guardar (Gn 2,15). Estes dois verbos têm na Bíblia uma<br />

forte ressonância religiosa: “só o cristianismo deu um sentido religioso ao trabalho<br />

e reconhece o valor espiritual do progresso técnico. Não há vocação mais religiosa<br />

que o trabalho” (João Paulo II aos jovens; Inglaterra; 1982). O trabalho é uma das<br />

formas privilegiadas para continuar a obra da criação, pois faz de cada pessoa um<br />

colaborador na acção divina, um verdadeiro criador: “Deus, que dotou o homem de<br />

inteligência, de imaginação e de sensibilidade, deu-lhe assim o meio para completar,<br />

de certo modo, a sua obra: seja artista ou artífice, empreend<strong>ed</strong>or, operário ou camponês,<br />

todo o trabalhador é um criador” (PP 27). Esta dimensão criadora de cada<br />

ser humano é uma das mais esquecidas. A pessoa não é vista nesta sua dimensão<br />

estrutural; caso contrário, não haveria tanto desemprego.<br />

O trabalho torna-nos também colaboradores de Deus na obra da r<strong>ed</strong>enção ao<br />

criar condições para uma melhor qualidade de vida, mais justa, mais fraterna, mais<br />

solidária, mais humana: “Tudo o que o homem faz para conseguir mais justiça, mais<br />

fraternidade e uma organização mais humana das relações sociais tem mais valor<br />

que os progressos técnicos. Porque estes podem fornecer a base material para a promoção<br />

humana, mas são impotentes, só por si, para a realizar” (GS 35).<br />

O trabalho é ainda o principal instrumento de libertação e, portanto, de desenvolvimento<br />

harmonioso da pessoa, de cada pessoa, porque é meio de subsistência mas<br />

também de desenvolvimento e progresso sociais: “O homem, ao trabalhar em qualquer<br />

tarefa no seu ‘banco’ de trabalho, pode facilmente cair na conta de que, pelo seu<br />

trabalho, entra na posse de um duplo património; ou seja, do património daquilo que<br />

é dado a todos os homens, sob a forma dos recursos da natureza, e do património daquilo<br />

que os outros que o prec<strong>ed</strong>eram já elaboraram, a partir da base de tais recursos,<br />

em primeiro lugar desenvolvendo a técnica, isto é, tornando realidade um conjunto<br />

de instrumentos de trabalho, cada vez mais aperfeiçoados” (LE 13).<br />

Deturpação do trabalho<br />

Muitas vezes, porém, o trabalho, em vez de ser um instrumento para reforçar a<br />

dignidade da pessoa e estar ao serviço do seu desenvolvimento integral, converte-se,<br />

antes, em ocasião de degradação, alienação e desumanização: “A alienação verifica-se<br />

também no trabalho, quando é organizado de modo a «maximizar» apenas os<br />

seus frutos e rendimentos, não se preocupando que o trabalhador, por meio de seu<br />

trabalho, se realize mais ou menos como homem, conforme cresça a sua participação<br />

numa autêntica comunidade humana solidária ou então cresça o seu isolamento num<br />

complexo de relações de exacerbada competição e de recíproco alheamento, no qual<br />

ele aparece considerado apenas como um meio e não como um fim” (CA 41). Mais, o<br />

homem não pode ser deixado de lado quando já não interessa, pois “uma soci<strong>ed</strong>ade,<br />

onde este direito seja sistematicamente negado, onde as m<strong>ed</strong>idas de política económica<br />

não consintam aos trabalhadores alcançarem níveis satisfatórios de ocupação,<br />

não pode conseguir nem a sua legitimação ética nem a paz social” (CA 43).<br />

Reflexões<br />

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