10.07.2015 Views

Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Então os três manos voltaram pra querência deles.Estavam satisfeitos porém o herói inda mais contente que os outros porque tinha ossentimentos que só um herói pode ter: uma satisfa imensa. Partiram. Quando atravessaram opico do Jaraguá Macunaíma virou pra trás contemplando a cidade macota de São Paulo.Maginou sorumbático muito tempo e no fim sacudiu a cabeça murmurando:– Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são...Enxugou a lágrima, consertou o beicinho tremendo. Então fez um caborge: sacudiu osbraços no ar e virou a taba gigante num bicho preguiça todinho de pedra. Partiram.Depois de muito reetir, Macunaíma gastara o arame derradeiro comprando o que mais oentusiasmara na civilização paulista. Estavam ali com ele o revólver Smith-Wesson o relógioPathek e o casal de galinha Legorne. Do revólver e do relógio Macunaíma zera os brincos dasorelhas e trazia na mão uma gaiola com o galo e a galinha. Não possuía mais nem um tostão doque ganhara no bicho porém lhe balangando no beiço furado pendia a muiraquitã.E por causa dela tudo cara mais fácil. Desciam de rodada o Araguaia e quando Jiguêremava Maanape manejava o joão-de-pau. Se sentiam marupiaras outra vez. Pois entãoMacunaíma adestro na proa tomava nota das pontes que carecia construir ou consertar prafacilitar a vida do povo goiano. Noite chegada, enxergando as luzinhas dos afogados sambandomanso nas ipueiras da cheia, Macunaíma olhava olhava e adormecia bem. Acordava esperto nooutro dia e erguido na proa da igarité com o argolão da gaiola enado no braço esquerdo,repinicava na violinha botando a boca no mundo cantando saudades da querência, assim:“Antianti é tapejara,– Pirá-uauau,Ariramba é cozinheira,– Pirá-uauau,Taperá, onde a taperaDa beira do Uraricoera?– Pirá-uauau...”E o olhar dele espichando espichando descia a pele do rio em busca dos pagos da infância.Descia e cada cheiro de peixe cada moita de craguatá cada tudo punha entusiasmo nele e o heróibotava a boca no mundo feito maluco fazendo emboladas e traçados sem sentido:“Taperá tapejara,– Caboré,Arapaçu paçoca,– Caboré,Manos, vamos-se emboraPra beira do Uraricoera!– Caboré!”As águas araguaias murmurejavam chamando a reta da igarité com gemidinho e lá do longe

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!