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Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

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Macunaíma ia seguindo e topou com a árvore Volomã bem alta. Num galho estava umpitiguari que, nem bem enxergou o herói, se desgoelou cantando – “Olha no caminho quemvem! Olha no caminho quem vem!” Macunaíma olhou pra cima com intenção de agradecer masVolomã estava cheinha de fruta. O herói vinha dando horas de tanta fome e a barriga deleempacou espiando aquelas sapotas sapotilhas sapotis bacuris abricôs mucajás miritis guabijusmelancias ariticuns, todas essas frutas.– Volomã, me dá uma fruta, Macunaíma pediu.O pau não quis dar. Então o herói gritou duas vezes:– Boiôiô, boiôiô! quizama quizu!Caíram todas as frutas e ele comeu bem. Volomã cou com ódio. Pegou o herói pelos pés eatirou-o pra além da baía de Guanabara numa ilhota deserta, habitada antigamente pela ninfaAlamoa que veio com os holandeses. Macunaíma pendia tanto de fadiga que pegou no sonodurante o pulo. Caiu dormindo embaixo duma palmeirinha guairô muito aromada onde umurubu estava encarapitado.Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói cou escorrendo sujeira de urubu.Já era de-madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo,todo enlambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota pra ver si não haviaalguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prataque indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas.Então passou Caiuanogue, a estrela-da-manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viverpediu pra ela que o carregasse pro céu. Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.– Vá tomar banho! ela fez. E foi-se embora.Assim nasceu a expressão “Vá tomar banho!” que os brasileiros empregam se referindo acertos imigrantes europeus.Vinha passando Capei, a Lua. Macunaíma gritou pra ela:– Sua bênção, dindinha Lua!– Uhúm... que ela secundou.Então ele pediu pra Lua que o carregasse pra ilha de Marajó. Capei veio chegando porémMacunaíma estava mesmo fedendo por demais.– Vá tomar banho! ela fez. E foi-se embora.E a expressão se fixou definitivamente.Macunaíma gritou pra Capei que pelo menos desse um foguinho pra ele aquecer.– Peça no vizinho! ela fez apontando pra Sol que já vinha lá no longe remando pelo paranáguaçu. E foi-se embora.Macunaíma tremia que mais tremia e o urubu sempre fazendo necessidade em riba dele. Erapor causa da pedra ser muito pequetitinha. Vei vinha chegando vermelha e toda molhada desuor. E Vei era a Sol. Foi muito bom pra Macunaíma porque lá em casa ele sempre derapresentinhos de bolo-de-aipim pra Sol lamber secando.

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