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Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

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O ticotico era pequetitinho e o chupim era macota. O ticotiquinho ia dum lado pra outroacompanhado sempre do chupinzão chorando pro outro dar de comer pra ele. Fazia raiva. Oticotiquinho imaginava que o chupinzão era lhote dele mas não era não. Então voava,arranjava um decumê por aí que botava no bico do chupinzão. Chupinzão engolia e pegava namanha outra vez: “Ihihih! mamãe... telo decumê!... telo decumê!...” lá na língua dele. Oticotiquinho cava azaranzado porque estava padecendo fome e aquele nhenhenhémnhenhenhémazucrinando ele atrás, diz-que “Telo decumê!... telo decumê!...”, não podia com oamor sofrendo. Largava de si, voava buscar um bichinho uma quirerinha, todos esses decumês,botava no bico do chupinzão, chupinzão engolia e principiava atrás do ticotiquinho outra vez.Macunaíma estava meditando na injustiça dos homens e teve um amargor imenso da injustiçado chupinzão. Era porque Macunaíma sabia que de primeiro os passarinhos foram gente feitonós... Então o herói pegou num porrete e matou o ticotiquinho.Foi-se embora. Depois que andou légua e meia sentiu calor e lembrou de beber pinga prarefrescar. Trazia sempre num bolso do paletó uma garranha de pinga presa ao puíto por umacorrente de prata. Desarrolhou e chupitou de manso. Eis sinão quando escutou atrás um“Ihihih!” chorando. Virou sarapantado. Era o chupinzão.– Ihihih! papai... telo decumê!... telo decumê!... lá na língua dele.Macunaíma ficou com ódio. Abriu o bolso onde estava guardado aquilo do micura e falou:– Pois coma então!Chupinzão pulou na beira do bolso e comeu tudo sem saber. Foi engordando engordando,virou num pássaro preto bem grande e voou pros matos gritando “Anca! Anca!”. É o Pai doVira.Macunaíma seguiu caminho. Légua e meia adiante estava um macaco mono comendocoquinho baguaçu. Pegava no coquinho, botava no vão das pernas junto com uma pedra,apertava e juque! a fruta quebrava. Macunaíma veio e esgurejou com a boca cheia d’água. Falou:– Bom-dia, meu tio, como lhe vai?– Assim assim, sobrinho.– Em casa todos bons?– Na mesma.E continuou mastigando. Macunaíma ali, sapeando. O outro enquizilou assanhado:– Não me olhe de banda que não sou quitanda, não me olhe de lado que não sou melado!– Mas o que você está fazendo aí, tio!O macaco mono soverteu o coquinho na mão fechada e secundou:– Estou quebrando os meus toaliquiçus pra comer.– Vá mentir na praia!– Uai, sobrinho, si tu não dá crédito então pra que pergunta!Macunaíma estava com vontade de acreditar e indagou:

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