MacunaÃma - Comunicação, Esporte e Cultura
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José Prequeté cou com ódio e insultou a mãe do herói porém este não fez caso não, deuuma grande gargalhada e foi seguindo. Mais adiante lembrou que ia indo pra casa zangado epegou na gritaria outra vez.Os manos inda não tinham voltado da maloca do Governo e a patroa veio no quarto praconsolar Macunaíma, brincaram. Depois de brincarem o herói pegou no choro. Quando osmanos chegaram toda a gente se sarapantou porque eles tinham cinco metros de altura. Não vêque o Governo estava com mil vezes mil pintores já encaminhados pra mandar na pensão daEuropa e Macunaíma ser nomeado era mas só no dia de São Nunca. Ficava muito longe. Oinvento tinha favado e os manos caram compridos por causa do desaponto. Quandoenxergaram o mano chorando, se assustaram bem e quiseram saber a causa. E comoesqueceram o desaponto voltaram pro tamanho de dantes, Maanape já velhinho e Jiguê naforça do homem. O herói fazia:– Ihihih! tequeteque me embromou! Ihihih! Comprei micura dele, quarenta contos mecustou!Então os irmãos se descabelaram. Agora não era possível mais irem na Europa não, porquepossuíam só a noite e o dia. Levaram na prantina enquanto o herói esfregava ólio de andirobano corpo pros mosquitos não amolarem e adormecia bem.No outro dia amanheceu fazendo um calorão temível e Macunaíma suava que mais suavadum lado pra outro enraivecido com a injustiça do Governo. Quis sair pra espairecer porémaquela roupa tanta aumentando o calor... Teve mais raiva. Teve raiva por demais e maliciou queia ficar com o butecaiana que é doença da raiva. Então exclamou:– Ara! Ande eu quente, ria-se a gente!Tirou as calças pra refrescar e pisou em cima. A raiva se acalmou no sufragante e até quemuito satisfeito Macunaíma falou pros manos:– Paciência, manos! não! não vou na Europa não. Sou americano e meu lugar é na América.A civilização européia na certa esculhamba a inteireza do nosso caráter.Durante uma semana os três vararam o Brasil todo pelas restingas de areia marinha, pelasrestingas de mato ralo, barrancas de paranãs, abertões, corredeiras carrascos carrascões echavascais, coroas de vazante boqueirões mangas e fundões que eram ninhos de geada,espraiados pancadas pedrais funis bocainas barroqueiras e rasouras, todos esses lugares,campeando nas ruínas dos conventos e na base dos cruzeiros pra ver si não achavam algumapanela com dinheiro enterrado. Não acharam nada.– Paciência, manos! Macunaíma repetiu macambúzio. Jogamos no bicho!E foi na praça Antônio Prado meditar sobre a injustiça dos homens. Ficou lá encostado numplátano muito bem. Todos os comerciantes e aquele despropósito de máquinas passavamrentinho do herói grugunzando sobre a injustiça dos homens. Macunaíma já estava disposto amudar o dístico pra: “Pouca saúde e muitos pintores os males do Brasil são” quando escutou um“Ihihih!” chorado atrás. Virou e viu no chão um ticotico e um chupim.