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Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

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Vei tomou Macunaíma na jangada que tinha uma vela cor-de-ferrugem pintada com murucie fez as três lhas limparem o herói, catarem os carrapatos e examinarem si as unhas deleestavam limpas. E Macunaíma cou alinhado outra vez. Porém por causa dela estar velhavermelha e tão suando o herói não maliciava que a coroca era mesmo a Sol, a boa da Solponcho dos pobres. Por isso pediu pra ela que chamasse Vei com seu calor porque ele estavalavadinho bem mas tremendo de tanto frio. Vei era a Sol mesmo e andava matinando fazerMacunaíma genro dela. Só que ainda não podia aquentar ninguém não, porque era cedo pordemais, não tinha força. Pra distrair a espera assobiou dum jeito e as três lhas dela zerammuitos cafunés e cosquinhas no corpo todo do herói.Ele dava risadas chatas, se espremendo de cócegas e gostando muito. Quando elas paravampedia mais estorcendo já de antegozo. Vei pôs reparo na senvergonhice do herói, teve raiva. Foicando sem vontade de tirar fogo do corpo e esquentar ninguém. Então as cunhatãs agarraramna mãe, amarraram bem ela e Macunaíma dando muitos munhecaços na barriga da bruaca saiuque saiu um fogaréu por detrás e todos se aquentaram.Principiou um calorão que tomou a jangada, se alastrou nas águas e doirou a face limpa doar. Macunaíma deitado na jangada lagarteava numa quebreira azul. E o silêncio alargandotudo...– Ai... que preguiça...o herói suspirou. Se ouvia o murmurejo da onda, só. Veio um enfaro feliz subindo pelo corpode Macunaíma, era bom... A cunhatã mais moça batia o urucungo que a mãe trouxera daÁfrica. Era vasto o paraná e não tinha uma nuvem na gupiara elevada do céu. Macunaímacruzou as munhecas no alto por detrás fazendo um cabeceiro com as mãos e, enquanto a lhada-luzmais velha afastava os mosquitos borrachudos em quantidade, a terceira chinoca com aspontas das tranças fazia estremecer de gosto a barriga do herói. E era se rindo em plenafelicidade, parando pra gozar de estrofe em estrofe que ele cantava assim:“Quando eu morrer não me chores,Deixo a vida sem sodade;– Mandu sarará,Tive por pai o desterro,Por mãe a infelicidade,– Mandu sarará...Papai chegou e me disse:– Não hás de ter um amor!– Mandu sarará,Mamãe veio e me botouUm colar feito de dor,– Mandu sarará...

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