10.07.2015 Views

Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

valentes das noites de amor que o bom do coroca dava pra ela. E foi fiar.Taína-Cã deu uma chegadinha no céu, foi até o corgo Berô, fez oração e botando umaperna em cada barreira do corgo esperou assuntando a água. Daí a pouco vieram vindo no pêloda agüinha as sementes do milho cururuca, o fumo, a maniveira, todas essas plantas boas.Taína-Cã apanhou o que passava, desceu do céu e foi no roçado plantar. Estava trabucando naSol quando Denaquê apareceu. Era por causa que ela de sodosa quis ver o companheiro dandogostosuras tão valentes pra ela nas noites de amor. Denaquê deu um grito de alegria. Taína-Cãnão era coroca não! Taína-Cã era mas um rapaz muito brabo mucudo e de nação carajá.Fizeram um macio de fumo e de maniva e brincaram pulado na Sol.Quando voltaram pro mocambo muito se rindo um pro outro, Imaerô ficou tiririca. Gritou:– Tainã-Cã é meu! Foi pra mim que ele veio do céu!– Sai azar! que Tainã-Cã falou. Quando eu quis você não quis, pois agora brinque-se!E trepou na rede com Denaquê. Imaerô desinfeliz suspirou assim:– Deixe estar jacaré, que a lagoa há-de secar!...E saiu gritando pelo mato. Virou na ave araponga que grita amarelo de inveja no quiriri domato diurno.Desde então por causa da bondade de Taína-Cã é que carajá come mandioca e milho epossui fumo pra se animar.E tudo o que Carajá carecia, Taína-Cã ia no céu e voltava trazendo. Pois não é que deDenaquê, de ambiciosa, deu pra namorar com todas as estrelinhas do céu! Deu sim, e Taína-Cãque é a Papaceia enxergou tudo. Isso, até se orvalhou de tão triste, foi pegando nos teréns e foiseembora pro vasto campo do céu. Ficou lá, trouxe mais nada não. Si a Papaceia continuassetrazendo as coisas do outro lado de lá, céu era aqui, nosso todinho. Agora é só do nosso desejo.Tem mais não.O papagaio dormia.Uma feita janeiro chegado Macunaíma acordou tarde com o pio agourento do tincuã. Noentanto era dia feito e a cerração já entrara pro buraco... O herói tremeu e apalpou o feitiço quetrazia no pescoço, um ossinho de piá morto pagão. Procurou o aruaí, desaparecera. Só o galocom a galinha brigando por causa duma aranha derradeira. Fazia um calorão parado tão imensoque se escutava o sininho de vidro dos gafanhotos. Vei, a Sol, escorregava pelo corpo deMacunaíma, fazendo cosquinhas, virada em mão de moça. Era malvadeza da vingarenta só porcausa do herói não ter se amulherado com uma das lhas da luz. A mão de moça vinha eescorregava tão de manso tão! no corpo... Que vontade nos músculos pela primeira vezespetados depois de tanto tempo! Macunaíma se lembrou que fazia muito não brincava. Águafria diz que é bom pra espantar as vontades... O herói escorregou da rede, tirou a penugem deteia vestindo todo o corpo dele e descendo até o vale de Lágrimas foi tomar banho num sacadoperto que os repiquetes do tempo-das-águas tinham virado num lagoão.Macunaíma depôs com delicadeza os legornes na praia e se chegou pra água. A lagoa estava

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!