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Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

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chitas. Assuntou o quarto bem. Tinha uma bulhinha sem parada vinda de todos os lados.Macunaíma bateu a pedra do isqueiro e viu que eram baratas. Trepou assim mesmo na rede nãosem espiar mais uma vez si não faltava nada pros legornes. O casal estava até bem satisfeitocomendo barata. Macunaíma se riu pra ele, arrotou e adormeceu. Daí a pouco estava coberto debaratas lambendo.Quando Oibê pôs reparo que Macunaíma tinha comido a pacuera, teve raiva. Agarrou numsininho, se embrulhou num lençol branco e foi fazer assombração pro hóspede. Mas era só debrincadeira. Bateu na porta e manejou o sininho, de-lem!– Oi?– Vim buscar minha pacuera-cuera-cuera-cuera-cuera, de-lem!Abriu a porta. Quando o herói enxergou a assombração cou com tanto medo que nem semexeu. Ele não sabia que era Oibê não. A fantasma vinha vindo:– Vim buscar minha pacuera-cuera-cuera-cuera-cuera, de-lem!Então Macunaíma percebeu que não era assombração nada, era mas o monstro Oibêminhocão temível. Criou coragem pegou no brinco da orelha esquerda que era a máquinarevólver e deu um tiro na assombração. Porém Oibê não fez caso e veio vindo. O herói tornou ater medo. Pulou da rede agarrou a gaiola e escafedeu pela janela, jogando baratas no caminhotodo. Oibê correu atrás. Mas era só de brincadeira que ele queria comer o herói. Macunaímadesembestara agreste fora mais isso ia que ia acochado pelo minhocão. Então botou o furabolona goela, fez cosquinha e lançou a farinha engolida. A farinha virou num areão e enquanto omonstro pelejava pra atravessar aquele mundo de areia escorregando, Macunaíma fugia.Tomou pela direita, desceu o morro do Estrondo que soa de sete em sete anos seguiu por unscaponetes e depois de cortar um travessão encapelado fez o Sergipe de ponta a ponta e parouofegando num agarrado muito pedregoso. Na frente havia uma lapa grande furada por umafurna com um altarzinho dentro. Na boca da socava um frade. Macunaíma perguntou pro frade:– Como se chama o nome de você?O frade pôs no herói uns olhos frios e secundou com pachorra:– Eu sou Mendonça Mar pintor. Desgostoso da injustiça dos homens faz três séculos queafastei-me deles metendo a cara no sertão. Descobri esta gruta ergui com minhas mãos estealtar do Bom Jesus da Lapa e vivo aqui perdoando gente mudado em frei Francisco daSoledade.– Está bom, Macunaíma falou. E partiu na chispada.Mas o terreno era cheio de socavas e logo adiante estava outro desconhecido fazendo umgestão tão bobo que Macunaíma parou sarapantado. Era Hércules Florence. Botara um vidrona boca duma furna mirim, tapava e destapava o vidro com uma folha de taioba. Macunaímaperguntou:– Ara ara ara! Mas você não me dirá o que está fazendo aí, siô!O desconhecido virou pra ele e com os olhos relumeando de alegria falou:

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