10.07.2015 Views

Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

Macunaíma - Comunicação, Esporte e Cultura

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Macunaíma se arrastou até a tapera sem gente agora. Estava muito contrariado porque nãocompreendia o silêncio. Ficara defunto sem choro, no abandono completo. Os manos tinhamido-se embora transformados na cabeça esquerda do urubu-ruxama e nem siquer a genteencontrava cunhãs por ali. O silêncio principiava cochilando à beira-rio do Uraricoera. Queenfaro! E principalmente, ah!... que preguiça!...Macunaíma foi obrigado a abandonar a tapera cuja última parede trançada com palha decatolé estava caindo. Mas o impaludismo não lhe dava coragem nem pra construir um papiri.Trouxera a rede pro alto dum teso onde tinha uma pedra com dinheiro enterrado por debaixo.Amarrou a rede nos dois cajueiros frondejando e não saiu mais dela por muitos dias dormindocaceteado e comendo cajus. Que solidão! O próprio séquito sarapintado se dissolvera. Não vêque um ajuru-catinga passara muito afobado por ali. Os papagaios perguntaram pro parenteonde que ia.– Madurou milho na terra dos ingleses, vou pra lá!Então todos os papagaios foram comer milho na terra dos ingleses. Porém primeiro viraramperiquitos porque assim, comiam e os periquitos levavam a fama. Só cara um aruaí muitofalador. Macunaíma se consolou pensamenteando: “O mal ganhado, diabo leva... paciência”.Passava os dias enfarado e se distraía fazendo o pássaro repetir na fala da tribo os casos quetinham sucedido pro herói desde infância. Aaah... Macunaíma bocejava escorrendo caju, muitomole na rede, com as mãos pra trás fazendo cabeceiro, o casal de legornes empoleirado nos pése o papagaio na barriga. Vinha a noite. Aromado pelas frutas do cajueiro o herói ferrava nosono bem. Quando a arraiada vinha o papagaio tirava o bico da asa e tomava o café da manhãdevorando as aranhas que de-noite fiavam as teias dos ramos pro corpo do herói. Depois falava:– Macunaíma!O dorminhoco nem se mexia.– Macunaíma! ôh Macunaíma!– Deixa a gente dormir, aruaí...– Acorda, herói! É de-dia!– Ah... que preguiça!...– Pouca saúde e muita saúva,Os males do Brasil são!...Macunaíma dava uma grande gargalhada e coçava a cabeça cheia de pixilinga que é piolhode-galinha.Então o papagaio repetia o caso aprendido na véspera e Macunaíma se orgulhavade tantas glórias passadas. Dava entusiasmo nele e se punha contando pro aruaí outro caso maispançudo. E assim todos os dias.Quando a Papaceia que é a estrela Vésper aparecia falando pras coisas irem dormir, opapagaio zangava por causa da história parando no meio. Uma feita ele insultou a estrelaPapaceia. Então Macunaíma contou:– Não insulta ela não, aruaí! Taína-Cã é bom. Taína-Cã que é a estrela Papaceia tem pena

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!