agitadores provocadores da “intranqüilidade pública”. Embora dura, essa deliberação doConselho Universitário, expresso na portaria assinada em 01 de março e publicada em19 de março daquele ano, permitiu que estes estudantes não fossem expulsos, maisrespondessem disciplinarmente por suas atitudes e tiveram restringidos os seus direitosde representação política, não podendo exercer cargos nem participar de eleiçõesestudantis. Ibarê Dantas, ao consultar a documentação, identificou estes estudantes apartir de seus cursos: no curso de Direito, estavam: Antonio Jacinto Filho, BeneditoFigueiredo, Carlos Cleber Nabuco Teixeira, Elias Hora Espinheiro, Jackson BarretoLima, Jackson de Sá Figueiredo, João Augusto Gama da Silva, João de Deus Góis,Jonas da Silva Amaral Neto, José Anderson Nascimento, José Sérgio Monte Alegre,Josefa Lourindo Novais, Mario Jorge Menezes Vieira, Moacir Soares da Mota, Otonielda Silva Vieira Neto, Paulo Parrocho Nou, Wellington Dantas Mangueira Marques; docurso de Economia: Antonio Vieira da Costa e Dilson Menezes Barreto; do curso deLetras: Janete Correia de Melo e Elvidina Macedo de Carvalho; do curso de Medicina:Ilma Menezes Fontes, José Alves Nascimento, ,José Rolemberg Filho e Maria Janete SáFigueiredo; do curso de Química: Francisco Carlos Nascimento Varela e José JacobDias Polito; e do curso de Serviço Social: Elze Maria dos Santos, Hendricks JohannesSprabel e João Bosco Rolemberg Côrtes (DANTAS, 1997, pp.102-103).Em julho de 1970, uma segunda relação coloca mais cinco estudantes no roll dos quedeveriam ser enquadrados no Decreto-lei nº 477. Entre estes, chama atenção o nome doestudante de história José Ibarê Costa Dantas. Segundo Dantas, diante desta nova “...interpelação, João Cardoso do Nascimento Júnior não se intimidou. (...), repetindo oprocedimento anterior. Baixou portaria acrescentando os nomes referidos ‘à relação deque trata a portaria nº 29 de março de 1969 (DANTAS, 1997, p.105). E ainda a criaçãode uma comissão de inquérito presidida pelo prof. Fernando Porto para apurar os atos deestudantes acusados de gerar “intranqüilidade pública”. O presidente desta comissão deinquérito reduziu a termo o depoimento dos estudantes, e ainda ouviu os professores arespeito da conduta dos alunos cujos nomes foram acrescentados na portaria nº29. Aofim do processo, o nome destes últimos alunos foi retirada da lista daqueles que tiveramseus direitos estudantis suspensos.Avaliando a documentação e a bibliografia a respeito, observa-se que as constantescobranças dos órgãos de segurança e informação, em parte, se deviam em razão dademora nos encaminhamentos solicitados e mesmo por conta das resoluções que estesencaminhamentos recebiam. O não atendimento às demandas da DSI, que funcionavaPonta de Lança, São Cristóvão v.2, n. 3, out. 2008 ‐ abr. 2009. 104
junto à Delegacia da Educação do Ministério da Educação e Cultura – DEMEC, a qual auniversidade estava vinculada, pode ter inclusive justificado a criação de mais umaórgão para a comunidade de segurança e informação. Uma assessoria especial passou afuncionar diretamente junto a instituições federais como a UFS para efetivar a políticavigilância e controle do SNI.Observa-se também que a atitude protelatória da reitoria e a postura corporativa dosconselheiros contribuíram, em certo sentido, para preservar a autonomia universitária eproteger o seu corpo discente, docente e funcional. Terminando por adiar e mesmoevitar determinadas sanções e enquadramentos que os militares através dos órgãos desegurança e informação, buscavam impor.Em relação aos estudantes, é possível ainda acrescentar mais um ponto para reflexão,não obstante o momento político que o país atravessava. O “espírito juvenil” que elesrepresentavam à luz do olhar da sociedade civil, em Sergipe, não se configurava comouma ameaça, mesmo considerando as discordâncias de cunho político e ideológico. Istopode ser mensurado a partir das posturas de professores, funcionários e alunos ouvidosna comissão de inquérito presidida pelo prof. Fernando Porto:Apesar de tão diversas fontes, nenhuma informação incriminoupessoas ou fatos de comportamentos suspeito, nem mesmolevantando – suspeitos que justificassem um prolongamento ouaprofundamento da investigação, inclusive no que diz respeito àconstituição do Diretório cuja a diretoria foi compostamediante entendimento entre a Direção – e o corpo docente,como se vê dos diversos depoimentos, confirmados pelaspróprias declarações da Diretoria do Instituto. (Of. s/nº de 28de fevereiro de 1970 encaminhado ao Magnífico Reitor da UFS)além das orientações e cobranças constantes para que as universidades controlassem osestudantes para que eles não participassem de atividades classificadas pelos militarescomo “agitações”. Foram divulgadas informações sobre livros que não deveriam serlidos, os perigos da imprensa estudantil, a exemplo do jornal “movimento”, danecessidade de proibir a participação dos estudantes em encontros, numa clarareferência à então recente memória do XXX Congresso da UNE, realizada em Ibiúna,São Paulo, em 1968.Entre os documentos localizados, chama atenção um relatório dos órgãos de segurança einformação, baseado em documentos apreendidos em um aparelho do PCB. Esterelatório foi divulgado com a intenção de informar às autoridades a acerca do grau dePonta de Lança, São Cristóvão v.2, n. 3, out. 2008 ‐ abr. 2009. 105
- Page 2 and 3:
A Revista Eletrônica Ponta de Lan
- Page 7 and 8:
ARTIGOSPonta de Lança, São Crist
- Page 9:
HISTORIOGRAFÍA DE LA GRAN NIVELACI
- Page 12 and 13:
vigilar y proteger el paso (Ruz Lhu
- Page 14 and 15:
Para exaltar aun más las discusion
- Page 18:
epresentan una fase particular del
- Page 21 and 22:
Chichén Itzá: coexistencia y conf
- Page 23 and 24:
sería el epicentro de este sistema
- Page 25 and 26:
6- Palabras finalesEl objetivo de e
- Page 27 and 28:
FLORESCANO, Enrique. El mito de Que
- Page 29 and 30:
Period”. Ancient Mesoamerica 9. C
- Page 31 and 32:
EM CENA O AGON PELA POSSE DA TERRA:
- Page 33 and 34:
mas a terra dadanão se abre a boca
- Page 35 and 36:
forma de organização política; d
- Page 37 and 38:
enesses dessa estrutura social poss
- Page 39 and 40:
1979: XXI). Assim, nas páginas ini
- Page 41 and 42:
CENAS DANTESCAS NO INTERIOR DE MINA
- Page 43 and 44:
As famílias que tinham suas pequen
- Page 45 and 46:
crítica que os elementos intrínse
- Page 47 and 48:
Patriarcalismo e rupturas em Cartil
- Page 49 and 50:
numa “promessa” de transgressã
- Page 51 and 52:
É bom lembrar que originalmente do
- Page 53 and 54: prática material é um processo no
- Page 55 and 56: mencionado anteriormente, ocorreu p
- Page 57 and 58: Os últimos e piores dias de Cassia
- Page 59 and 60: LAMBE-SUJO E CABOCLINHOS: UMA LEITU
- Page 61 and 62: Delineava-se, assim, uma camada int
- Page 63 and 64: interpretações de passividade) pe
- Page 66 and 67: afro-descendentes e europeus, pois,
- Page 68 and 69: indígenas à aspectos beligerantes
- Page 70 and 71: da festa, tais como: a presença de
- Page 72 and 73: RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro:
- Page 74 and 75: INTRODUÇÃOEstudos a respeito do c
- Page 76 and 77: Refletindo sobre estas redes secret
- Page 78 and 79: profissionais letrados, médicos, a
- Page 80 and 81: Como se transmitia, de geração em
- Page 82 and 83: um produto elaborado para justifica
- Page 84 and 85: Numa sociedade como a do Brasil col
- Page 86 and 87: A mesma historiadora, em artigo int
- Page 88 and 89: haverá de revelar suas vantagens e
- Page 90 and 91: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASASSIS,
- Page 92 and 93: VELOSO, A. J. Barros. Inquisição
- Page 94 and 95: IntroduçãoEstamos encaminhando a
- Page 96 and 97: daquele órgão de vigilância - ó
- Page 98 and 99: momento. As frases colocadas no tro
- Page 100 and 101: torturar os líderes estudantis, en
- Page 102 and 103: Postura não coincidente com a assu
- Page 106 and 107: organização do movimento estudant
- Page 108 and 109: Referências bibliográficas:A UNE
- Page 110 and 111: Ponta de Lança, São Cristóvão v
- Page 112 and 113: Ponta de Lança, São Cristóvão v
- Page 114 and 115: Key-words: Work's Social History, O
- Page 116 and 117: vida dos índios. Criar a laboriosi
- Page 118 and 119: social, principalmente as que estã
- Page 120 and 121: Esses jovens que adentram na área
- Page 122 and 123: individualmente, já que se perde u
- Page 124 and 125: FREITAS, Sônia Maria de. História
- Page 126 and 127: Ponta de Lança, São Cristóvão v
- Page 128 and 129: Apesar de permear toda a obra, é n