Key-words: Work's Social History, Oral History, Barbers.A Escola dos Annales, ao se pautar pela idéia de que todas as ações humanas são dignasda atenção da História, colocou em xeque a História construída com base nos grandesacontecimentos, grandes personagens, propugnando a ampliação da noção de fontehistórica para além do documento escrito oficial. Desse modo, as pesquisasdesenvolvidas pelos estudiosos ligados a esta Escola contribuíram para o registro depersonagens anteriormente excluídos da escrita histórica, os que estão fora dosdocumentos oficiais. Isso vai requerer o desenvolvimento de metodologias para oauxílio no trato com uma maior variedade de evidências por parte do historiador,explicando o diálogo com as ciências humanas e a incorporação de metodologiasoriundas de outros campos do saber (como a Sociologia e a Antropologia) nacontemporaneidade.A moderna História Oral surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, naUniversidade de Columbia em Nova York, onde Allan Nevis utilizou o termopioneiramente para indicar uma nova postura em relação à formulação, difusão etratamento das entrevistas. Foi resultado da necessidade de se captar as experiênciasvividas pelos que estiveram envolvidos nesse conflito, conjuntamente com o avanço dosmeios de comunicação, que permitiu que as narrativas orais fossem registradas por meiodo gravador. Esse processo vai se acentuar com a utilização das entrevistas nosprogramas de rádio e a transcrição dos depoimentos nos jornais e mais tarde natelevisão, onde os primeiros programas de entrevistas deram destaque a heróis e grandesfiguras.Somente na década de 1960, na Universidade de Essex, na Grã-Bretanha, é que areunião de relatos pessoais se volta para as pessoas comuns, os que não detém o poder,destacando-se o trabalho do historiador Paul Thompson, pioneiro na reflexão e nautilização desse método de registro histórico (FREITAS, 2002, p. 30). A História Oralemerge então como uma metodologia necessária no trato com um novo tipo de fonte: amemória. A incorporação dos depoimentos como fonte histórica traz à luz os maisdiversos grupos que dão vida a sociedade como sujeitos ativos na construção daHistória, em detrimento dos grandes homens. Desde então, negros, prostitutas, homensPonta de Lança, São Cristóvão v.2, n. 3, out. 2008 ‐ abr. 2009. 114
pobres, mendigos tem suas histórias de vida recolhidas através de um gravador eincorporadas como fontes para o discurso histórico.O interesse do professor Samuel Cohn, do Departamento de Sociologia da UniversidadeTexas A & M (EUA) em registrar para sua pesquisa alguns depoimentos de barbeiros ecabeleireiros, fez com que nos voltássemos para esses profissionais excluídos de nossahistoriografia, sobre os quais paira uma escassez de fontes. Como a proposta do Grupode Pesquisa História Popular do Nordeste é produzir novas versões historiográficas,principalmente as que contestam a hegemonia da História Oficial, juntamos o útil aoagradável, e colocamos em execução o projeto “Cabelo, barba e bigode”: memória dosbarbeiros em Sergipe (1960-2007), já que as pesquisas do professor norte-americano,mesmo sendo de cunho sociológico, já indicavam que a memória coletiva dos barbeirosnos forneceria amplas possibilidades de contar o que não foi contado sobre a História deSergipe.À medida que avançávamos na recolha dos testemunhos, percebíamos que nossotrabalho era a ponta do iceberg sobre a parte que cabe aos barbeiros na História doTrabalho em nosso estado. Diga-se de passagem, sobre este campo da História deSergipe ainda permanecem muitas lacunas.Neste artigo, pretendemos socializar os resultados obtidos após um ano de execução doprojeto. Para isso, faremos um breve histórico da trajetória dos barbeiros no Brasil, combase na escassa literatura que conseguimos levantar e uma breve análise sobre cincoentrevistas transcritas das nove colhidas pelo projeto.UM POUCO DA HISTÓRIA DOS BARBEIROS NO BRASILOs indícios acerca dos barbeiros no Brasil remontam ao início do período colonialquando o ofício aqui chegou com os padres jesuítas. Em 1549, os barbeiros, como oscabeleireiros, eram inseridos nas classificações de artes e ofícios no Brasil como artesdistintas, diferença que permanece até os dias de hoje. Porém, a atuação e modo detrabalho dos barbeiros não são registrados, embora possamos constatar indícios de suaexistência apenas (AUED, 1999, p. 23).O ofício de barbeiro como todos os demais ofícios trazidos pelos jesuítas eramensinados aos nativos brasileiros com o objetivo de instaurar a civilização na nova terra.Para impor a forma de vida dos jesuítas, destituíam-se as formas sociais de produção e aPonta de Lança, São Cristóvão v.2, n. 3, out. 2008 ‐ abr. 2009. 115
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