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Esses jovens que adentram na área da higiene pessoal, em especial cabeleireiros, comformação no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), disputam amesma clientela com essa geração de velhos barbeiros. Isto é facilitado, também, pelaintrodução dos novos equipamentos elétricos. No entanto, eles possuem um novo modode comportamento e um novo modo de trabalho, realçando diferenças entre asprofissões de cabeleireiro e barbeiro. É interessante notar que os cabeleireirosentrevistados têm uma visão de seu campo profissional mais otimista, como é o caso deEdgar Ribeiro Filho, que afirma que a profissão de barbeiro não está em extinção, maspassa por uma evolução. Daí a substituição do termo barbeiro por cabeleireiro.O desmerecimento da profissão de barbeiro se manifesta na forma de conduta de algunsnovos profissionais, que não se preocupam com a indumentária. Como nos dizGonçalves:Por que o barbeiro, décadas atrás era médico, (...) um dentista. Esempre usou branco! Mesmo trabalhando no interior, no mato, dia dedomingo (...) no alpendre, meu guarda-pó era passado ferro,arrumadinho. Hoje os barbeiros trabalham sem guarda-pó. Falta derespeito. De chinela Havaiana. Ou chinelo aberto (...) não sabem que[são] dignos da sociedade (...) advogado, médico, engenheiro, todomundo procura um barbeiro. Seja analfabeto, seja semi-analfabeto.Um elemento diferenciador entre barbeiros e cabeleireiros é o preço dos cortes decabelos, pois os primeiros cortam mais barato, enquanto os segundos cobram mais caropelo corte. Como sua clientela é moldada pelo poder aquisitivo, a concorrência e odesemprego incidem de forma mais contundente no trabalho dos barbeiros. Neste ponto,uma análise da influência do SENAC na formação de novos profissionais a cada ano émuito importante.A terceira questão é a entrada da mulher neste campo do mercado de trabalho. Nosúltimos cinqüenta anos, em Sergipe, como em quase todo mundo, as mulheres vemocupando cada vez mais espaço como já disse Luiz: Hoje não tem uma mulher que nãoé cabeleireira casada. Não é. Mulher casada não devia ser cabeleireira. Pois! Mulherde rico, em Aracaju tem curso de cabeleireiro. E corta cabelo em casa. Leva as amigasdela e ganha dinheiro.Podemos arriscar fazer uma ligação do fato da entrada das mulheres no campo detrabalho dos barbeiros, cuja hegemonia era masculina há mais ou menos meio séculoatrás, com as assertivas de Stuart Hall de que um dos fatores que contribuem para odescentramento do sujeito e também para fragmentação das identidades é o impacto doPonta de Lança, São Cristóvão v.2, n. 3, out. 2008 ‐ abr. 2009. 120

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