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seguidores da lei de Moisés, falando apenas ao Deus de Israel. Wachtel (2002, pp. 144,145) descreve a prática religiosa do jejum:O rito, sem dúvida, mais praticado nos meios marranos. Osjudaizantes impunham-se a si próprios, não só por ocasião das grandesobrigações anuais, como as do Grande Dia (Kippur) ou dacomemoração da Rainha Ester, mas também muito frequentementedurante as semanas ordinárias, a até duas ou três vezes na mesmasemana, de preferência à segunda e à quinta (era o jejum completo devinte e quatro horas, segundo o ‘costume judaico’, entre o cair danoite de um dia e o cair da noite do dia seguinte). Assim se fazia commuito variadas intenções, como implorar o perdão dos pecados, asalvação das almas ou a vinda do Messias ou manifestar simplesmentea fé na lei de Moisés, mas também, mais prosaicamente, para pedir acura de uma doença ou o êxito de uma viagem ou de uma operaçãocomercial.Esta frequência do jejum entre os judaizantes pode ser explicada pormotivos, principalmente práticos. O rito do jejum tinha a vantagem depoder ser cumprido da maneira mais discreta e correspondia, no fimdas contas, ao estilo marrano: era facilmente mantido em segredo,ninguém de fora o notava.Na sua vivência dúplice, os cristão novos judaizantes adotavam uma atitude, no seuíntimo, de reserva mental em relação à participação nos rituais católicos, pedindoperdão a Deus através de orações e jejuns antes de participar da confissão e receber ahóstia. Também formavam comunidades secretas em torno de um guia espiritual e sereuniam em assembléias clandestinas que eram divulgadas de forma original edisfarçada aos seus componentes, como no caso em que um líder espitual enviava um deseus escravos a passear pelas ruas vestindo um fardamento característico de seuscriados. Wachtel (2002).Assis (2006, p. 184) amplia o escopo desta religiosidade:Na documentação produzida pelo Santo Ofício português durante avisitação às capitanias açucareiras do Nordeste entre 1591 e 1595,encontram-se indícios do judaísmo vivenciado na colônia, mormenteligado a ritos, prática da ‘esnoga’, cultos funerários, interdiçõesalimentares, formas de benzer heterodoxas, negação à religiãodominante em seus símbolos e dogmas, em que, indiscutivelmente, aimportância da resistência feminina ganha destaque.Um dos elementos mais decisivos e críticos da religiosidade marrana dizia respeito àsua transmissão. Poliakov (1996, p. 199) assim explica como os cristãos novosjudaizantes resolviam esta questão:Ponta de Lança, São Cristóvão v.2, n. 3, out. 2008 ‐ abr. 2009. 79

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