3.4 A Técnica i*A técnica i*, proposta em (Yu, 1995a), permite <strong>de</strong>screver aspectos <strong>de</strong> intencionalida<strong>de</strong> emotivações envolvendo atores em um ambiente organizacional. Sendo assim, ela é capaz <strong>de</strong>reconhecer e <strong>de</strong>screver motivações, intenções e raciocínios sobre as características <strong>de</strong> umprocesso, oferecendo uma <strong>de</strong>scrição mais rica, que facilita os esforços da Engenharia <strong>de</strong>Requisitos.Segundo o framework i* (Yu, 1995a), as organizações consistem <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>ssemiautônomas chamadas atores, cujo comportamento <strong>de</strong>stes não é totalmente controlável ouprevisível, mas regulamentado por relacionamentos sociais. Esses atores possuem a liberda<strong>de</strong><strong>de</strong> ação, mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m um dos outros para alcançarem seus objetivos, executarem tarefas efornecerem recursos.Diferentemente <strong>de</strong> outras técnicas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem, que <strong>de</strong>screvem tipicamente um processoem termos <strong>de</strong> etapas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e fluxos entre entida<strong>de</strong>s, a técnica i* se <strong>de</strong>staca porpreocupar-se com as razões ou motivações que estão associadas a aspectos comportamentaisdo processo.A técnica se baseia na premissa que um entendimento maior do processo po<strong>de</strong> ser obtidoatravés <strong>de</strong> uma visão das intenções e estratégias. Dessa maneira, o ator é a unida<strong>de</strong> central aser mo<strong>de</strong>lada. Um ator intencional não só executa ativida<strong>de</strong>s e produz ou consome entida<strong>de</strong>s,mas tem motivações, intenções e razões associadas a suas ações (Chichinelli, 2002).Segundo Yu (1995a), a técnica i* é utilizada para:a) obter uma melhor compreensão sobre os relacionamentos da organização, entre osvários atores do sistema;b) enten<strong>de</strong>r as razões envolvidas nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões; ec) ilustrar as várias características <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem que po<strong>de</strong>m ser apropriadas à Engenharia<strong>de</strong> Requisitos, principalmente, na fase inicial da especificação dos requisitos (Yu, Bois eMylopoulos, 1995), (Yu, 1997).Para <strong>de</strong>screver o ambiente organizacional, i* propõe dois mo<strong>de</strong>los: o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>Dependências Estratégicas (SD), que <strong>de</strong>screve as relações <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências externas entre osatores da organização, e o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Razões Estratégicas (SR), que <strong>de</strong>screve interesses econceitos dos participantes e as direções que po<strong>de</strong>m seguir. Os dois mo<strong>de</strong>los são <strong>de</strong>scritos aseguir.44
3.4.1 O Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Dependências Estratégicas (SD)O Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Dependência Estratégica é uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendênciaentre atores, e é composto por nós e ligações. Os nós representam os atores no ambiente e asligações são as <strong>de</strong>pendências entre os mesmos. Segundo o framework i*, um ator é umaentida<strong>de</strong> que realiza ações para obter objetivos no contexto do ambiente organizacional.Assim, atores <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m uns dos outros para obter objetivos, realizar tarefas, etc. O ator que<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong> outro ator é chamado <strong>de</strong> Depen<strong>de</strong>r, e o ator que satisfaz oDepen<strong>de</strong>r é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Depen<strong>de</strong>e. O objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência entre Depen<strong>de</strong>r e Depen<strong>de</strong>e é<strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Dependum. Resumidamente, haverá relacionamentos do tipoDepen<strong>de</strong>r→Dependum→Depen<strong>de</strong>e.Neste mo<strong>de</strong>lo, distinguem-se quatro tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências (Figura 3.16): recursos, tarefas,objetivos, objetivos-soft. As três primeiras <strong>de</strong>pendências são relacionadas à existência <strong>de</strong>intenções, e a quarta é associada com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> requisitos não funcionais.Na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> recurso, o Depen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do Depen<strong>de</strong>e em relação àdisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um recurso, seja uma entida<strong>de</strong> física ou <strong>de</strong> uma informação. Recurso,nesse caso, é o produto final <strong>de</strong> alguma ação, em um processo, que estará ou não disponível.Uma <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> recurso po<strong>de</strong> ser vista na Figura 3.18, on<strong>de</strong> o ator “Participante <strong>de</strong>Reunião” <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ator “Agendador <strong>de</strong> Reunião” para obter o recurso “Data Proposta”.Figura 3.16: Relacionamentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência entre atores em i*. (Yu, 1995a)45
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