Revista Ferroviária Edição de Julho/agosto 2018

expressas Bianca Rocha
Concorrência argentina
Os fabricantes de carros de passageiros
no Brasil se preparam para a
entrega de propostas, no dia 11 de outubro,
para a concorrência internacional
promovida pelo governo da Argentina.
O programa prevê a compra
de 169 trens, com oito vagões cada,
somando 1.352 unidades. Trata-se
de um contrato de US$ 1,9 bilhão.
Outros US$ 900 milhões devem ser
desembolsados na manutenção dos
equipamentos por um período de dez
anos. As composições vão rodar em
linhas de subúrbio que estão sendo
modernizadas e na futura Rede de
Expressos Regionais (RER) – um
arco ferroviário de 20 km que interligará
todo o metrô de Buenos Aires.
O BNDES já garantiu à indústria taxas
competitivas de financiamento,
para fazer frente às taxas agressivas
oferecidas por concorrentes europeus
e asiáticos, que contam com a
ajuda de bancos oficias. Pelas regras
do edital, pelo menos 85% da venda
precisará de financiamento. Por esse
motivo, a estruturação financeira e
os juros cobrados pelas instituições
financeiras servirão como critérios de
pontuação na concorrência.
Medida para aquecer o mercado
Um documento com propostas para
enfrentar a escassez de encomendas
no segmento de passageiros foi entregue
pela Abifer, em agosto, aos
candidatos à presidência e ao governo
de São Paulo. Uma das sugestões
é a criação do Retrem, programa nos
mesmos moldes do Refrota, que é a
linha de crédito da Caixa Econômica
Federal, com recursos do FGTS,
para modernização e ampliação da
frota de ônibus do país. O presidente
da Abifer, Vicente Abate, que está à
frente da iniciativa, explica:
“Financiamento de longo prazo e
taxas competitivas podem estimular
as operadoras de passageiros sobre
trilhos a modernizar a sua frota de
trens. No levantamento que fizemos,
há demanda de pelo menos 560
carros de passageiros do Metrô DF,
Trensurb, MetrôRio, CBTU Belo
Horizonte e Metrô do Recife. Esse
volume, além de garantir a qualidade
do transporte nas capitais, poderia
ser a solução para que as fábricas não
fiquem ociosas no ano que vem”.
A Abifer estima que este ano a produção
seja de 298 carros de passageiros.
Em 2017 foram 312 unidades.
Não há previsão definida para
2019. A Bombardier está modernizando
carros das linhas 1-Azul
e 3-Vermelha do Metrô de SP, em
Trem da série 9.500,
fabricado pela Hyundai-Rotem
Hortolândia. A Hyundai-Rotem
deve finalizar a entrega de 30 trens
para a CPTM no fim desse ano, assim
como a CAF, que já está concluindo
a entrega de 35 trens também
para a CPTM. A Alstom, em
sua unidade na Lapa, fabrica novos
trens para o metrô de Santiago, no
Chile, e está finalizando a encomenda
de seis trens de oito carros para
a SuperVia.
Cleber Moreira
Vai entender
Russos e chineses estão passando
pela provação de entender o mercado
ferroviário brasileiro. Os chineses
são dotados de uma paciência milenar.
O interesse imediato dos russos,
como todos sabem, é a Norte-Sul. O
corredor que, para ser viável, precisa
escoar sua carga pela Rumo, na Malha
Paulista, para chegar a Santos; ou
pela VLI, Vale e Transnordestina para
chegar aos portos do Maranhão. Os
russos da RDZ estão em intensos entendimentos
com a Rumo. A tendência
natural, com ou sem russos, é que
Rumo e VLI se aliem para operar o
trecho da ferrovia entre Porto Nacional
(TO) e Estrela D’Oeste (SP).
A dificuldade está no Ministério Público.
A licitação da Norte-Sul enfrenta
obstáculos na procuradoria do Tribunal
de Contas da União. Em outra frente, a
renovação dos contratos de concessão
das demais ferrovias de carga – tocadas
a ritmo acelerado pela ANTT – está sendo
questionada pela Procuradora Geral
da República, Raquel Dodge, junto ao
Supremo Tribunal Federal (STF).
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REVISTA FERROVIÁRIA | JulhO/AgOSTO DE 2018