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Revista Ferroviária Edição de Julho/agosto 2018

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milhão <strong>de</strong> toneladas, e o aumento percentual foi <strong>de</strong> 25%<br />

a mais do que no mesmo mês <strong>de</strong> 2017. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transporte da Malha Paulista beira hoje os 35 milhões <strong>de</strong><br />

toneladas por ano. Caso haja renovação antecipada dos<br />

contratos, a Rumo se comprometeu em<br />

ampliar a capacida<strong>de</strong> da linha que corta o<br />

estado <strong>de</strong> São Paulo para 75 milhões <strong>de</strong><br />

toneladas por ano.<br />

O que dizem os clientes<br />

Houve um incremento do modal ferroviário<br />

nos últimos anos, impulsionado<br />

pelos investimentos das operadoras <strong>de</strong><br />

carga, mas ainda há um bom caminho<br />

pela frente para que a ferrovia ganhe<br />

mais espaço no segmento <strong>de</strong> grãos. Essa<br />

é a opinião <strong>de</strong> quem usufrui do serviço ferroviário para<br />

o transporte <strong>de</strong> carga agrícola. Para E<strong>de</strong>on Vaz Ferreira,<br />

diretor executivo do Movimento Pró-Logística do Mato<br />

Grosso e presi<strong>de</strong>nte da Câmara Temática <strong>de</strong> Logística do<br />

Agronegócio, vinculada ao Ministério da Agricultura, os<br />

projetos <strong>de</strong> novas linhas <strong>de</strong> carga, a exemplo da Ferrogrão,<br />

da Ferrovia <strong>de</strong> Integração Centro-Oeste (Fico), do<br />

Ferronael e da subconcessão da Ferrovia Norte-Sul, são<br />

fundamentais para o escoamento mais eficiente da safra<br />

agrícola, mas é preciso fazer mais.<br />

“O transporte <strong>de</strong> grãos por ferrovia tornou-se mais eficiente<br />

nos últimos anos por conta dos investimentos<br />

das operadoras. Porém, há espaço<br />

para melhorias. Não dá para a carga<br />

ser transportada em uma velocida<strong>de</strong> média<br />

<strong>de</strong> 12,5 km/hora, como ocorre em alguns<br />

trechos da Malha Paulista”, diz, explicando<br />

que o Movimento Pró-Logística que representa<br />

produtores <strong>de</strong> grãos no Centro-Oeste,<br />

é a favor da intermodalida<strong>de</strong>. “Caminhões<br />

são i<strong>de</strong>ais para distâncias <strong>de</strong> até 500 km,<br />

acima disso a ferrovia torna-se mais eficiente,<br />

assim como o modal hidroviário”,<br />

ressalta, completando: “Somos a favor da<br />

renovação antecipada das concessões, para<br />

que se <strong>de</strong>stravem investimentos em trechos<br />

com baixas condições <strong>de</strong> trafegabilida<strong>de</strong>. É<br />

preciso aumentar a eficácia das linhas já existentes.”<br />

Na opinião <strong>de</strong> Sérgio Men<strong>de</strong>s, diretor geral da Associação<br />

Nacional dos Exportadores <strong>de</strong> Cereais, os clientes <strong>de</strong> ferrovia<br />

estão apreensivos em relação à renovação das concessões.<br />

"Em 2017, passaram<br />

pelos trilhos da MRS<br />

mais <strong>de</strong> 35 milhões<br />

<strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> soja,<br />

milho, farelo <strong>de</strong><br />

soja, açúcar e trigo<br />

– aumento <strong>de</strong> 28,9%<br />

em relação a 2016."<br />

"No setor<br />

ferroviário, o<br />

agronegócio<br />

respon<strong>de</strong> por apenas<br />

12% do uso. São<br />

números ainda muito<br />

abaixo <strong>de</strong> países que<br />

concorrem conosco<br />

como os Estados<br />

Unidos e a China."<br />

Elisângela Pereira Lopes,<br />

CNA<br />

“Caso não saia a prorrogação dos contratos que vencem até<br />

2026, po<strong>de</strong>mos ver os concessionários pararem <strong>de</strong> investir e<br />

os trechos <strong>de</strong>teriorados ficarem ainda pior”.<br />

Men<strong>de</strong>s aponta outro fator que está no radar <strong>de</strong> preocupação<br />

dos clientes: os termos dos novos<br />

contratos <strong>de</strong> longo prazo que estão sendo<br />

negociados esse ano entre as tradings e as<br />

ferrovias. Men<strong>de</strong>s não revela a que concessionária<br />

se refere, porém tem sido noticiada<br />

pela imprensa a queda <strong>de</strong> braço entre tradings<br />

e a Rumo, por conta da inclusão ou não<br />

da regra “take or pay” nos termos <strong>de</strong>sses<br />

novos contratos. Pela cláusula do “take or<br />

pay”, exportadoras asseguram um espaço<br />

para suas cargas nos vagões da operadora<br />

a um preço pré-estabelecido, mas são obrigadas<br />

a pagar mesmo quando o volume não chega ao que<br />

foi estabelecido a princípio. “Os riscos <strong>de</strong> clima, colheita,<br />

mercado ficam sob responsabilida<strong>de</strong> da trading, há necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> melhorar a divisão do risco entre os participantes<br />

da ca<strong>de</strong>ia”, afirma.<br />

Aumento da produtivida<strong>de</strong><br />

O gerente <strong>de</strong> Economia da Abiove (Associação Brasileira<br />

<strong>de</strong> Indústrias <strong>de</strong> Óleos Vegetais) reforça o coro em<br />

relação aos investimentos nas malhas existentes, em especial<br />

a Paulista, para aumentar a produtivida<strong>de</strong> e a velocida<strong>de</strong><br />

dos trens. “A travessia do município<br />

<strong>de</strong> São Paulo é bastante complicada, assim<br />

como as passagens em nível e o acesso<br />

ferroviário aos portos”, enumera. Desta<br />

forma, para solucionar estes entraves,<br />

a solução passaria pela antecipação das<br />

concessões. “Precisamos <strong>de</strong> investimentos<br />

pesados, com gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> recursos”,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>.<br />

Por outro lado, Elisângela Pereira Lopes,<br />

assessora técnica da Comissão Nacional<br />

<strong>de</strong> Logística e Infraestrutura da<br />

Confe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Agricultura e Pecuária<br />

(CNA), enxerga o momento com ceticismo.<br />

Em sua opinião, o aumento da participação<br />

ferroviária no escoamento <strong>de</strong><br />

grãos se dá em valores absolutos, mas ainda há muito<br />

a crescer em números relativos. “O principal modal <strong>de</strong><br />

escoamento ainda é rodoviário. O fundamental é que<br />

haja um equilibro entre ferrovia, hidrovia e rodovia. Na<br />

REVISTA FERROVIÁRIA | JulhO/AgOSTO DE <strong>2018</strong> 61

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