Revista Ferroviária Edição de Julho/agosto 2018

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VOCAÇÃO
agrícola
Ferrovias investem para atender
a uma demanda crescente por
transporte de grãos no Brasil
Por Bianca Rocha e Anderson Baltar
Apartir da segunda metade do século XIX, quando
as primeiras ferrovias foram inauguradas
no Brasil, um dos intuitos do modal, além de
transportar passageiros, era atender ao escoa-
Amento da produção agrícola, como o café no região Sudeste
e a cana-de açúcar no Nordeste. Com o passar das
décadas, mudanças geográficas da fronteira agrária, desmantelamento
gradativo das linhas férreas e protagonismo
do minério de ferro, a carga ferroviária agrícola tornou-se
coadjuvante em termos de volume. O bom momento do
agronegócio brasileiro – que estima recorde de safra este
ano –, no entanto, vem dando fôlego a esse segmento, por
conta do aumento da necessidade de transporte e de barateamento
dos custos logísticos. As ferrovias de carga são
cada vez mais uma opção vantajosa em meio a estradas
precárias e à insegurança jurídica em relação ao preço do
frete de caminhão.
Embora o minério de ferro ainda represente a maior
quantidade absoluta transportada por ferrovia, o crescimento
do transporte de grãos foi o mais acentuado nos
últimos anos, segundo dados da ANTF. Em 2017, foram
transportados 22,6 bilhões de TKUs de carga agrícola pelas
ferrovias, aumento de 62,35% na movimentação de
grãos nos últimos dez anos. No mesmo período de comparação,
a movimentação de minério de ferro cresceu
41,71%. Os trens de carga respondem pelo transporte de
35% das commodities agrícolas que chegam aos portos.
No caso do açúcar, esse índice é de aproximadamente
55%; e quase 47% dos cereais têm acesso aos terminais
marítimos pelos trilhos. O transporte ferroviário do farelo
de soja e da soja corresponde, respectivamente, a 36% e a
29% do volume total que chega aos portos.
De fato, há uma feliz coincidência entre o incremento
do agronegócio no Brasil (com a ampliação da área plantada
e crescimento da produtividade) e o aumento da capacidade
de transporte da malha ferroviária nos últimos
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REVISTA FERROVIÁRIA | JulhO/AgOSTO DE 2018