Revista Ferroviária Edição de Julho/agosto 2018
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capa<br />
totalida<strong>de</strong>, escoamos apenas 21% <strong>de</strong> nossa produção por<br />
ferrovias. E, <strong>de</strong>ntro do setor ferroviário, o agronegócio<br />
respon<strong>de</strong> por apenas 12% do uso. São números ainda<br />
muito abaixo <strong>de</strong> países que concorrem conosco como os<br />
Estados Unidos e a China”, explica.<br />
Para que o Brasil atinja patamares melhores, Elisânge-<br />
la aponta como caminho a reativação <strong>de</strong> trechos inoperantes<br />
das ferrovias. Estima-se que cerca <strong>de</strong> dois terços<br />
dos quase 28 mil quilômetros <strong>de</strong> linhas férreas do país<br />
estejam subutilizados ou <strong>de</strong>sativados. Para mudar este<br />
quadro, ela <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que as concessões sejam revistas.<br />
“A questão da renovação <strong>de</strong> contratos com mecanismos<br />
<strong>de</strong> competição é algo mais factível, resolvido em pou-<br />
co tempo. Seria uma revolução. Po<strong>de</strong>ríamos reativar<br />
trechos consi<strong>de</strong>rados não rentáveis para que operadores<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes pu<strong>de</strong>ssem atuar. Com o direito <strong>de</strong> passagem,<br />
conseguiremos a redução das tarifas ferroviárias e<br />
uma maior competitivida<strong>de</strong>”, explica a assessora.<br />
Com uma nova dinâmica no setor ferroviário, na opinião<br />
<strong>de</strong> Elisângela, os custos <strong>de</strong> transporte cairão. Atualmente,<br />
o transporte das safras custa, no Brasil, <strong>de</strong> 80<br />
a 90 dólares por km/tonelada. “Em países como EUA e<br />
Argentina, o mesmo processo custa 20 dólares por km/<br />
tonelada. Nós gastamos dinheiro <strong>de</strong>mais com o transporte.<br />
Não po<strong>de</strong>mos mais jogar dinheiro pelo ralo por conta<br />
<strong>de</strong>ssa ineficiência”, finaliza.<br />
Edital da Ferrogrão é aguardado pelas tradings<br />
Um dos projetos mais aguardados pelo agronegócio é a construção da EF-170, mais conhecida como Ferrogrão. Com<br />
o traçado saindo <strong>de</strong> Sinop (MT) até Mirituba (PA), a ferrovia abre um novo corredor <strong>de</strong> exportação <strong>de</strong> grãos produzidos<br />
no Centro-Oeste. É isso que esperam as tradings, que financiaram o projeto para a construção da Ferrogrão, a cargo da<br />
Estação da Luz Participações (EDLP).<br />
Acompanhando <strong>de</strong> perto essa questão, E<strong>de</strong>on Vaz Ferreira, do Movimento Pró-Logística <strong>de</strong> Mato Grosso, diz que enquanto<br />
aguardam o lançamento do edital, as tradings interessadas no projeto estão em busca <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> crédito no<br />
Brasil e no exterior para a construção da ferrovia, que a princípio terá 100% dos recursos privados, com financiamento do<br />
BNDES. O leilão para a construção e concessão da Ferrogrão está previsto para o segundo semestre <strong>de</strong> <strong>2018</strong>.<br />
As tradings que se reuniram para fazer o projeto da Ferrogrão foram ADM, Bunge, Cargill, LDC (Louis Dreyfus) e<br />
AMaggi. Mas como se trata <strong>de</strong> uma concessão, outras empresas po<strong>de</strong>m manifestar interesse em participar da concorrência<br />
pública. Outro ponto fundamental, na opinião <strong>de</strong> Vaz, é haver concorrência na utilização da ferrovia. “É importante<br />
haver concorrência na ferrovia, mas a Ferrogrão <strong>de</strong>ve ser um monopólio, uma ferrovia <strong>de</strong>dicada num primeiro<br />
momento”, acredita ele.<br />
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REVISTA FERROVIÁRIA | JulhO/AgOSTO DE <strong>2018</strong>