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Revista Ferroviária Edição de Julho/agosto 2018

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entrevista<br />

tem um tempo <strong>de</strong> trabalho para a apresentação do projeto.<br />

A não ser que haja aí no mercado uma cida<strong>de</strong> que tenha um<br />

projeto absolutamente próprio fechado, e que no momento<br />

que abrirmos a seleção já venha um projeto já bem <strong>de</strong>finido<br />

e estruturado. Coisa que não é o comum <strong>de</strong> acontecer.<br />

Normalmente os projetos vêm amadurecendo ao longo do<br />

tempo. E <strong>de</strong>vemos analisar pelo menos o projeto básico antes<br />

da contratação, para que tenhamos uma certeza maior<br />

em relação aos custos e ao objeto que está sendo contratado,<br />

porque um dos problemas que enfrentamos na secretaria é a<br />

apresentação <strong>de</strong> projetos mal estruturados.<br />

RF – Como a Semob vem trabalhando essa questão?<br />

CA – O Avançar Cida<strong>de</strong>s trouxe uma mudança na maneira<br />

como a seleção <strong>de</strong> projetos é feita porque, nas seleções<br />

anteriores, os recursos eram contratados sem a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> apresentação do projeto executivo. Com a regra antiga,<br />

corríamos mais riscos, no sentido <strong>de</strong> que projetos pouco estruturados<br />

apresentavam conclusões diferentes daquilo que<br />

originalmente se pensava, e com o contrato já assinado, não<br />

tínhamos como mudar mais. Não tínhamos como mudar<br />

objeto e valor do projeto contratado, e isso foram fatores<br />

prepon<strong>de</strong>rantes para muitos projetos não irem pra frente,<br />

porque o município ou o estado muitas vezes não tinham<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aportar a diferença <strong>de</strong> custos. Então muitos<br />

projetos ficaram no meio do caminho em função disso.<br />

RF – E essa linha <strong>de</strong> crédito que a Semob preten<strong>de</strong> lançar<br />

para projetos ferroviários vai contar também com essa nova<br />

forma <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r?<br />

CA – O próximo programa <strong>de</strong> seleção que lançarmos, voltado<br />

para projetos metroferroviários, será na mesmo linha<br />

do Avançar Cida<strong>de</strong>s. O tempo <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> projeto<br />

tornou-se maior, mas <strong>de</strong>pois que contrata, a obra po<strong>de</strong> ser<br />

executada <strong>de</strong> forma imediata. Anteriormente se fazia mais<br />

rápido a contratação, porém tinha que fazer todo esse projeto,<br />

todo esse planejamento, toda essa análise posterior<br />

ao contrato e muitas das vezes não conseguia implantar<br />

por todas essas diferenças que eu comentei. Acreditamos<br />

que os resultados <strong>de</strong>ssas seleções sejam ao final mais rápidas<br />

e mais efetivas também, que a gente consiga melhorar<br />

sobremaneira essa efetivida<strong>de</strong> da implementação, porque<br />

o que importa é termos a obra feita e o serviço disponibilizado<br />

para a população.<br />

RF – Os recursos eram liberados antes da aprovação da viabilida<strong>de</strong><br />

do projeto?<br />

CA – Na verda<strong>de</strong>, o dinheiro em si é liberado por medição.<br />

O recurso fica disponibilizado, mas não liberado. A<br />

liberação do dinheiro mesmo é feita à medida que a obra<br />

avança. Então, as obras que não se iniciaram, não tiveram<br />

<strong>de</strong>sembolso por parte do governo fe<strong>de</strong>ral.<br />

RF – Nesse contexto, quais projetos metroferroviários não<br />

foram para frente?<br />

CA – Na lista estão Metrô <strong>de</strong> Belo Horizonte, Metrô <strong>de</strong><br />

Porto Alegre, implementação do Metrô <strong>de</strong> Curitiba, Linha<br />

3 do Metrô do Rio, os VLTs <strong>de</strong> Maceió, Goiânia, Petrolina;<br />

a expansão da Linha 2 do Metrô <strong>de</strong> São Paulo; aquisição<br />

<strong>de</strong> material rodante, mo<strong>de</strong>rnização dos sistemas e<br />

construção <strong>de</strong> estações do Metrô <strong>de</strong> Brasília; VLT <strong>de</strong> Brasília;<br />

duplicação e eletrificação da Linha Leste do Metrô<br />

<strong>de</strong> Fortaleza; monotrilho <strong>de</strong> Manaus; reforma e mo<strong>de</strong>rnização<br />

das estações da CPTM etc.<br />

RF – Quais foram os principais motivos para não continuida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sses projetos?<br />

CA – Alguns dos motivos são a limitada capacida<strong>de</strong> técnica,<br />

econômica e financeira dos agentes em estruturar<br />

gran<strong>de</strong>s projetos e baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> endividamento<br />

para financiar os projetos; crise fiscal do país dificultando<br />

o aporte <strong>de</strong> recursos do Orçamento Geral da União; limitação<br />

<strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> financiamento para gran<strong>de</strong>s projetos;<br />

insegurança jurídica no aporte <strong>de</strong> recursos públicos e na<br />

Temos trabalhado, inclusive em parceria com a ANPTrilhos, para gerar<br />

conhecimento maior a respeito do transporte metroferroviário. Temos que<br />

criar uma expertise maior, porque a expertise em sistemas metroferroviários,<br />

no que diz respeito à operação, ainda está na mão <strong>de</strong> poucos no Brasil.<br />

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REVISTA FERROVIÁRIA | <strong>Julho</strong>/Agosto DE <strong>2018</strong>

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