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Livro "São Pedro de Canedo, História de uma Vila" - 2ª Edição

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[Capítulo XX](Notas/Referências)

aos da junta 2.500 pares de sapatos, que vinham de Villa Beal, por terra,

pela margem direita do Douro.”

48. A Brasileira de Prazins, Camilo Castelo Branco:

“Esta notícia dos generais estranhos beliscou a vaidade nacional do

major Zeferino Bezerra. Parecia-lhe impossível que o príncipe proscrito não

confiasse na perícia e lealdade do Santa Marta, do Vitorino, do Póvoas e

Bernardino.

Era uma ingratidão, dizia ele ao mano frade, que acrescentou: – e uma

bestialidade. El-rei deve saber o que lhe valeram o Bourmont e o Pussieux

e o MacDonnell, no fim da campanha. Sabes tu? – rematou o morgado –

aqui anda marosca. O que tratam é de se abotoarem com os cinquenta

contos da Infanta D. Isabel Maria, e o Primo Cristóvão é um asno chapado.

– Escreve-se ao Póvoas e ao Bernardino – aconselhou o egresso – que

digam alguma coisa.

Os militares realistas responderam que sem dúvida estava a levedar

alguma tentativa de restauração; que o Ribeiro Saraiva trabalhava deveras;

que o Sr. D. Miguel era esperado em Londres; mas que não estava no reino,

nem cá viria senão para se sentar de vez no seu trono usurpado. – Deixa-te

de asneiras, Zeferino – dizia o fidalgo ao afilhado com as cartas.

*Bernardino e Vitorino eram da Casa de Fagilde, Freguesia de Canedo,

Concelho da Feira.

O Simeão de Prazins tinha sido antigamente regedor um ano; depois,

caído o ministério e o governador civil que o nomeara, voltou ao poder o

Joaquim de Vilalva, cartista puritano, com a restauração da Carta. Duas

restaurações boas. O Simeão lembrava-se com saudades da sua

importância no ano em que governara a freguesia – o respeito dos rapazes

recrutados, as considerações dos taverneiros, que davam jogo em casa, das

raparigas solteiras que andavam grávidas, a autoridade do seu

funcionalismo na junta de paróquia, etc. Ora, como o Joaquim de Vilalva,

desgostoso e doente com a morte do filho, pedira a demissão, o

administrador nomeou a regedoria no de Prazins. O brasileiro achou que

era bom ter de casa a autoridade para maior segurança dos seus cabedais

e pessoa. Foi uma desgraça.

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