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2 - O CORPO - A busca da universalidade
A condição de universalidade na arquitectura e no urbanismo, suporta e complementase
com a individualidade de cada cultura e da sua história, assim como a regra e a ordem
suportam os sistemas compositivos das obras arquitectónicas.
Neste primeiro ponto pretende-se apontar alguns exemplos que tentam ilustrar a presença da
universalidade nos mais variados momentos históricos, assim como a permanência da ordem
como base compositiva ao longo da historia do urbanismo e da arquitectura. No entanto a
universalidade aqui considerada é sempre vista como esquema-base que com o decorrer do
tempo vai suportando novos factos urbanos e vai sendo modificada.
2.1 - O Tempo e a cidade
As cidades são fruto das acumulações e sobreposições de factos urbanos ao longo dos
tempos. No conjunto formam um tecido unificado pelo tempo. Apesar de este tecido ser
composto por fragmentos de cidade, vários são os exemplos ao longo da história de cidades
planeadas como uma unidade. São exemplo disso os casos de cidade de fundação como as
cidades-estado gregas, as cidades romanas, as cidades de fundação medievais e coloniais,
as cidades iluministas ou mais recentemente as cidades-capital como Brasília (1956-60) ou
Chandigarh (1950). Neste tipo de realizações o princípio fundamental é a regra, a repetição
baseada num modelo único que constitui um princípio de intervenção no território eficaz
para as necessidades políticas, económicas e militares dos estados mas que simultaneamente
vai ganhando carácter com o decorrer do Tempo.
No entanto, cidades como Roma e Atenas são exemplos que evoluem a partir de aglomerados
e ajuntamentos habitacionais que ao longo do Tempo se densificaram e tornaram metrópoles.
Estas cidades são construídas pelo Tempo que vai modificando e acrescentando ao mesmo
recinto as configurações do espaço urbano. É no contacto entre as peças excepcionais e a
malha habitacional que a cidade se torna viva e individualmente rica. A própria disposição
dos elementos urbanos de Roma aponta para uma colagem de peças (fig. 1), que influencia
as utopias de Piranesi no tempo das primeiras descobertas arqueológicas da cidade de Roma.
São elementos-base reminiscentes dos vários estratos históricos da cidade e que, como Rossi
afirma, “aceleram o processo da dinâmica urbana.” Esta é resultado de uma evolução
constante, de confrontos entre peças arquitecturalmente individuais, que representam
diferentes épocas que vão polarizando aglomerações em seu torno equilibrando o tecido
Aldo Rossi, La Arquitectura de la Ciudad, p. 172