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7 - OUTRA VISÃO - Fernando Távora – a lição das constantes
Parque municipal da Quinta da Conceição, Leça da Palmeira, 1956 - 60
“Existiam a avenida, a capela, o claustro, os tanques e portanto havia já elementos que
garantiam uma estrutura a manter...” 89
“Quando passeamos pelos jardins da Quinta da Conceição sentimos um equilíbrio tenso
entre fracturas, artefactos e uma Natureza densa que nos acalma. O pavilhão de Ténis, com
uma linguagem entre Doesburg e o Japão, e os muros “bate-bolas” em roxo-rei minhoto,
não servem para nada. O importante é existirem, estarem lá, a sua autonomia, e por isso a
pontuação que fazem no Texto Natural.” 90
O parque da Quinta da Conceição encontra-se repleto de peças que se encontram distribuídas
pelo parque pontuando percursos. Além dos equipamentos localizados no parque, como as
piscinas e o pavilhão de Ténis, Távora manipula a localização das ruínas que restavam do
convento para desenhar situações, enquadramentos e ambientes (fig. 94).
Neste projecto Távora manipula as ruínas do convento como instrumento concreto de
projecto anunciando algumas das premissas que Aldo Rossi iria desenvolver na sua teoria de
arquitectura. Távora aproxima-se de Rossi mais na concretização prática do que no discurso
teórico. Um discurso onde a história e as formas associadas a tipologias são o instrumento
projectual preponderante. A peça arquitectónica, que neste caso faz parte da história,
é utilizada como instrumento que contribui para a reinterpretação dos lugares. Ao serem
encaradas como instrumento do projecto, as peças arquitectónicas contrariam a tendência
de museificar as ruínas e a história. A história é vista como um processo contínuo onde a
acção do arquitecto é continuar a acção dos mestres anónimos ao longo dos séculos. Uma
acção caracterizada essencialmente pelas sobreposições e intervenções sobre o existente. A
história suporta a interpretação da cidade como material de projecto. Isto não significa para
Távora respeitar os monumentos isolados do seu contexto como aconteceu na intervenção
da Direcção Geral do Monumentos Nacionais durante a década de quarenta. Para Távora
“património” não é “a múmia envolvida em saco de plástico” 91 , é sim a “biblioteca” de
soluções a problemas variados que o Tempo nos deu. “A história vale na medida em que
pode resolver os problemas do presente e na medida em que se torna um auxiliar e não uma
89 Fernando Távora, (acerca da Quinta da Conceição), Fernando Távora, p. 66
90 Eduardo Souto Moura,
Eduardo Souto Moura, Não há duas sem três, in JA 217, p. 30
91 Fernando Távora,
Fernando Távora, Fernando Távora - Coisa Mental (entrevista de Jorge Figueira), in Unidade 3, p.
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