74fig. 86 - Casa 2 em Nevogilde, Porto, Eduardo Souto Moura
6.4 - A ruína como instrumento e tema de projecto“.... los monumentos deben desacralizarse en el sentido de convertir parte de la ciudad entopografia y en material constructivo del que podamos servirnos.” 80 .A ruína não é apenas usada como material de projecto, esta é por vezes usada simultaneamente,como material de construção. Noutras intervenções a ruína nem existe como verdadeira. Pelocontrário, é inventada, como uma memória que não existiu, mas que é simulada para passar aexistir. Os muros do mercado de Carandá são exemplo da criação de uma memória inventadaassim como o Concurso para a Casa Karl Friedrich Schinkel ou a casa 2 em Nevogilde.Exemplos do uso literal da ruína podem ser encontrados em diversas obras de Souto Mouracomo os pedaços de frisos colados num muro de pedra na casa na rua Miguel Torga no Porto,pedaços de mármore que enriquecem o espaço da clínica dentária no Amial, o que resta dasarmaduras de uma laje que foi removida na remodelação de um apartamento em Braga. Éa ruína do café junto ao mercado do Carandá, que é usada como matéria, constrói dentro ecom a ruína. A ruína é parte integrante do projecto.“(...), é a ruína operacional... a obra não tem nada a haver com a ruína, mas tem a haver como material disponível que dá para fazer uma obra...” 81 .Eduardo Souto Moura através da ruína, significa e dá significado aos sítios. É um “exemplomoral” 82 na paisagem, é o elemento que garante uma dignificação do lugar, a valorizaçãosocial e psicológica de uma paisagem.Quando o arquitecto pode manter a ruína no seu estado “fatal”, confere-lhe um lugar noprojecto, mas sujeita-a à passagem do tempo. À falta de uma memória, desenha, inventa, criaa memória do sítio, conta o seu “passado” para justificar um futuro.“ Souto Moura inventa histórias quando não existe história, constrói os sinais do tempo paraos preservar e qualifica a sua narrativa com a dignidade dos materiais naturais...” 83 .Eduardo Souto Moura percebe o significado da paisagem, além da importância da ruína emsi. Actua topograficamente, cria um cenário, o cenário necessário para contar uma história,à qual atribui memória com a ruína inventada. Não apresenta a dedicação historicista“arqueológica” de Távora perante o existente.A relação da ruína com a paisagem, desde alguns séculos atrás apresenta uma importânciaconhecida.Na Idade Média, a ruína ganhou pela primeira vez, significado entre as sociedades. A80 Aldo Rossi, Ciudad y Proyecto, in Proyecto y Ciudad Historica - I Seminário Internacional de Arquitecturaen Compostela, pag 1981 Eduardo Souto Moura, A Ambição à Obra Anónima (numa conversa com Eduardo Souto Moura), inEduardo Souto Moura, (ed. 2000), p. 3182 Chateaubriand (1802) citado por Carlo Carena, Ruína-Restauro, in Enciclopédia Einaudi - Volume 1Memória-História p. 11183 Alexandre Alves Costa, Reconhecer e Dizer, in Architécti nº 5, p. 10375
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